A Aliança Cristã Evangélica Brasileira publicou em seu site, no último domingo, uma declaração em que esclarece os mal entendidos com relação à interpretação bíblica da suposta maldição dosnegros e africanos por Noé.

Segundo a nota, o uso inadequado e as interpretações errôneas da Bíblia “são fruto de leitura mal feita de parágrafos bíblicos, tomados fora do seu contexto literário e teológico, que acabam por colaborar com os interesses de justificar pensamentos e práticas abusivas, contrárias ao espírito da Palavra de Deus”.

A Aliança Evangélica não cita em nenhum momento o nome do pastor e deputado federal Marco Feliciano, mas parece ser claramente uma crítica às suas declarações de que negros e africanos são amaldiçoados, que causaram tanta polêmica nas últimas semanas.

O texto aponta as declarações que dizem respeito a essa maldição do filho de Noé como um “pretexto para declarações insustentáveis” baseados no Livro de Gênesis 9:20-27.

Segundo a Aliança, a interpretação das passagens bíblias é errônea por diversos motivos. As passagens contam que Noé, embriagado, é surpreendido por seu filho Cam, que o vê nu e conta a seus irmãos, que o cobrem. Noé, ao saber da atitude de Cam amaldiçoa seu neto Canaã, destinando-lhe à servidão. As Escrituras Sagradas, no entanto, não sustentam a violação sexual de Cam.

“O equívoco em questão dá a entender que a maldição proferida pelo patriarca bíblico contra Canaã, seu neto e filho de Cam, atinge os seres humanos de tez negra que habitaram, originariamente o continente africano, o que explicaria os vários infortúnios em sua história passada e presente”, apresenta a declaração.

No entanto, a Aliança Evangélica salienta “enfática e categoricamente” que, Cam teve outros três filhos e apenas Canaã foi amaldiçoado. Lembra o texto que “amaldiçoar, no senso bíblico, não determina a história, mas descreve a consequência da quebra dum princípio estabelecido pelo ato desrespeitoso”.

Além disso, a maldição se quebra quando a região povoada por Canaã, na região a oeste do rio Jordão até a costa do Mediterrâneo – portanto, no Oriente Médio e não na África – é conquistada pelos filhos de Jacó.

“Em Cristo, toda maldição é destruída e uma Nova Criação é estabelecida, sendo chamados a participar deste novo concerto todas as nações, etnias, raças, povos e famílias de todas as terras e da Terra toda, sendo revogadas assim todas as maldições e oferecida salvação a todas as pessoas”, reitera a declaração.

O texto recorda, ainda, que o texto bíblico mostra que a maldição tem a ver com o comportamento das pessoas e não faz nenhuma referência à cor de sua pele daquele povo ou que “indique qualquer maldição sobre negros e africanos, e muito menos algo que justifique a escravidão”.

A Aliança Evangélica afirma, no texto, que a leitura equivocada da Bíblia “corre o risco de ser vista como suspeita de esconder outros interesses de natureza política e de dominação social e religiosa”.

“Toda vez, na história, que esse texto foi aventado a partir dessa hipótese vulgar, tratou-se de ato de má fé a serviço de interesses escusos, seja quando usado para justificar a escravidão de ameríndios no Brasil colonial, seja quando usado para justificar a escravidão dos africanos de tez negra, seja quando utilizado para a elaboração de sistemas legais de segregação social como o que ocorreu nos Estados Unidos, seja quando usado para justificar a política nefasta e mundialmente condenada do apartheid”, lamenta a declaração.

A Aliança Evangélica afirma, em seu texto, que repudia a vulgarização e a banalização da interpretação das passagens bíblicas e o uso inadequado das Escrituras para fins escusos.

Para ler o texto na íntegra, acesse o site da Aliança Cristã Evangélica Brasileira.

Fonte: Christian Post
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Eginoaldo

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