Uma entrevista recente do Dr. Kim Seok-Kwun causou uma onda de críticas na Coreia do Sul, onde ele é um dos cirurgiões plásticos mais famosos. Criador de uma técnica capaz de criar um pênis que realmente funcione para transexuais, ele confessa: “Decidi desafiar a vontade de Deus”.
Aos 61 e com uma carreira médica consolidada, o Dr. Kim revelou que por ser um evangélico praticante, no início se angustiava demais ao ponderar se deveria ou não fazer as operações de mudança de sexo. “Eu me perguntava se estava desafiando Deus… Fui dominado por um sentimento de vergonha. Mas meus pacientes queriam desesperadamente estas cirurgias. Sem elas, eles iriam se matar”, acredita.
Vivendo em um país muito conservador, onde as duas religiões principais condenam a mudança de sexo, ele sempre atraiu a fúria de protestantes e budistas. Ao total, contabiliza 320 operações de mudança de sexo ao longo dos últimos 28 anos. Foram 210 do sexo masculino para o feminino, o restante foi o oposto.
Kim conta que, quando começou a fazer as cirurgias na década de 1980, seu pastor foi contra. Amigos e colegas médicos diziam que ele iria para o inferno se fizesse aquilo. Mas hoje afirma sentir uma grande alegria, pois acredita estar corrigindo o que chama de “erros de Deus”.
“Algumas pessoas nascem sem os órgãos genitais ou com lábios leporinos ou sem orelhas ou com os dedos grudados. Por que Deus criou as pessoas assim? Não são erros de Deus?” questiona. Para ele a medicina é um meio para corrigir tudo, inclusive pessoas que estão presas em corpos errados. Ele continua indo a igreja e diz que isso não modifica sua fé.
A Coreia do Sul não reconhece legalmente o casamento homossexual, mas já existem artistas transgêneros bem conhecidos no país. Em 2012, um canal de TV tirou do ar um programa com transexuais por causa da forte pressão de grupos cristãos. O governo conservador do presidente Park Geun-hye, anunciou que iria criar uma lei de combate à discriminação, mas não houve grandes progressos.
Hong Jae Chul, presidente do Conselho Cristão da Coreia foi um dos primeiros a se manifestar. Ele classificou os comentários de Kim de “amaldiçoados e deploráveis”. Operações de mudança de sexo “são uma blasfêmia contra Deus e tornam o mundo um lugar mais miserável”, disparou. Com informações de Sidney Morning Herald
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