Foi por pouco que uma tentativa de debate não terminou em agressões físicas na última sexta-feira, no Senado Federal. Foi quando a Comissão de Direitos Humanos do Senado tentou retomar a discussão do projeto de lei que tipifica como crime a homofobia, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Confrontada com a mobilização da bancada evangélica – tendo à frente os senadores Magno Malta (PR-ES) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) e deputados como Anthony Garotinho (PR-RJ) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) -, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora, tirou a matéria de pauta depois que a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) e o deputado Bolsonaro trocaram insultos.

Na tentativa de reduzir resistências da bancada evangélica ao projeto que criminaliza a homofobia, Marta anunciou que havia incluído em seu relatório emenda que asseguraria aos religiosos o direito de se posicionar contra a união entre pessoas do mesmo sexo, desde que não incitem a violência e façam suas pregações dentro de templos e igrejas.
A mudança não surtiu efeito. Marinor perdeu a paciência com Bolsonaro quando o deputado e uma claque que o acompanhava exibiram um panfleto acusando o governo de estimular alunos do ensino fundamental a serem homossexuais.
- Tira isso daqui! Respeita! – gritou Marinor, batendo no panfleto na mão de um manifestante evangélico.
- Bata no meu! – provocou Jair Bolsonaro.
- Eu bato! Vai me bater? Depois dizem que não tem homofóbico aqui! Homofóbico! Tu devias ir para a cadeia! Criminoso! Respeita! Isso está sendo feito com dinheiro público! Homofobia com dinheiro público! – retrucou Marinor aos gritos.
Marta pediu calma e, como não foi atendida, afastou-se. Nervosa, Marinor foi retirada sob escolta dos seguranças da Casa e vaias da claque que acompanhava Bolsonaro.
- Ela perdeu a razão. Eu não falei nada. Ela deu uma porrada em mim porque eu estava com um panfleto na mão divulgando uma cartilha do governo, que prega homossexualismo nas escolas do primeiro grau. Material didático pornográfico nas escolas do primeiro grau, com filmetes e inserções em livros didáticos de todas as configurações de gays, lésbicas e transexuais para molecada a partir de 6 anos de idade – tripudiou Bolsonaro, quando a senadora saiu de cena.
E prosseguiu em tom de deboche:
- Ela bateu em mim e eu sou homofóbico? Ela é heterofóbica. Não pode ver um heterossexual na frente dela, que alopra! Já que está difícil ter macho por aí, eu estou me apresentando como macho e ela aloprou. Não pode ver um heterossexual na frente. Ela deu azar duas vezes: uma, que sou casado, e outra, que ela não me interessa. É muito ruim, não me interessa.
À noite, Marinor entrou com representação na Corregedoria do Senado contra Bolsonaro. Ela o acusa de quebra de decoro parlamentar e pede que o caso seja encaminhado à Câmara.
O senador Magno Malta defendeu a realização de audiências públicas sobre o tema e criticou o STF.
- Esse projeto é eivado de inconstitucionalidade, criminaliza todo mundo. É para construir cadeias e criar um império homossexual. Aqui não tem homofóbico. Deus criou o macho e a fêmea, não é o Congresso que vai criar o terceiro sexo – disse Malta, acrescentando que, para ele, a Bíblia está acima da Constituição.
Fonte: HNews
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Eginoaldo

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