O biólogo evolucionista Richard Dawkins, autor de livros como “Deus: um delírio”, é um dos ateus mais influentes do mundo. Com certeza é o mais famoso. Toda vez que ele diz algo importante, acaba noticiado pela impressa de todo o mundo.

Em agosto ele surpreendeu seus seguidores no Twitter ao declarar: “Todos os muçulmanos do mundo têm menos prêmios Nobel que o Trinity College, em Cambridge. Esquecem que eles fizeram grandes coisas na Idade Média”. Um elogio aos muçulmanos?

Semana passada ele confessou em uma e entrevista ter sofrido nos anos de 1950 “uma leve pedofilia”. Porém, fez uma ressalva: “isso não causou nenhum dano duradouro. Não pode ser condenada pelos mesmos padrões que eu ou qualquer um usaria hoje”. Choveram críticas. Ele veio a público esclarecer que de modo algum apoia o crime de pedofilia.

Na edição da revista inglesa “The Spectator” que chegou às bancas esta semana, mais uma revelação surpreendente: “Tenho um certo amor pela igreja anglicana”. Mas ele não defendia a extinção de todas as religiões e, consequentemente, de seus templos?

Aos 71 anos, Dawkins está lançando este mês sua uma autobiografia, “An Appetite for Wonder: the Making of a Scientist” [Fome pela descoberta: como se forma um cientista]. Ao preparar seu livro de memórias ele parece especialmente interessado em esclarecer muitas coisas. Recentemente, ele parou de ensinar na Universidade de Oxford, uma das mais influentes da Europa. Com isso, tem dedicado mais tempo para pensar, entre outras coisas, em seu mais antigo adversário: Deus.

Em seu novo livro, Dawkins conta quando se descobriu ateu. Quando adolescente, ainda estudando na tradicional escola Oundle, ajudou a liderar uma pequena insurgência. Ele e outros alunos recusaram-se a ajoelhar na capela durante um culto. O diretor da escola o repreendeu. “Quando ele questionou minha rebelião contra o cristianismo, aquilo foi uma revelação”, conta.

A Igreja da Inglaterra (Anglicana) ainda é a religião oficial do Reino Unido. Perguntado sobre isso, o biólogo vai mais fundo. ”Eu tenho certa gratidão pela tradição anglicana, por sua tolerância benigna. Suspeito que muitos que professam o anglicanismo provavelmente não acreditam em nada disso… mas acho que eu sou um cristão anglicano cultural e vejo a igreja do país… com um certo amor”. Instigado, o repórter questiona ele se sentiria falta se as igrejas deixassem de existir. ”Sim, talvez”, admite.

Mas rapidamente esclarece: “Eu sentiria falta da mesma maneira que sentiria falta do jogo de críquete inglês… Eu sentiria falta como uma perda estética, por causa dos sinos da igreja, esse tipo de coisa… Eu certamente nunca faria o que alguns dos meus colegas americanos fazem ao opor-se aos símbolos religiosos, como cruzes na praça pública e coisas assim, eu não me preocupo com nada disso, estou até muito feliz por isso… Acho importante preservar essa tradição anglicana, especialmente quando vemos tanta competição”.

Por fim, elabora “Sou completamente a favor de educar as pessoas neste país na Bíblia”.

“Também acredita que os alunos deveriam aprender sobre o Alcorão e todos os outros livros religiosos?”, questiona a The Spectator.

“Acho que não… meu ponto de vista é literário – uma vez que neste país, em geral ninguém estuda literatura árabe – é o suficiente que eles devem conhecer a Bíblia King James tanto quanto precisam conhecer Shakespeare. Você nunca poderá estudar a História da Europa se não entender a hostilidade permanente entre católicos e protestantes. Suponho que precisamos conhecê-la por causa da história”.

No final da entrevista ele foi questionado se não teme que seus admiradores mais fervorosos fiquem contrariados com essas declarações. “Espero que isso não seja verdade. Eu odiaria que alguém tomasse o que eu digo como uma espécie de regra sobre como ele deveria se comportar. Quero que as pessoas escutem os argumentos e julguem por si mesmas. Esse sempre foi o meu objetivo”.

Fonte: Gospel Prime
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Eginoaldo

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