Luiz Carlos Mamede Carvalho é um dos pastores da Igreja Ação Evangélica em Patos, PB, onde coordena  um ministério para surdos. Tem 32 anos e é casado com Jéssica Carvalho, também deficiente auditiva. Apesar de hoje estar intimamente ligado à uma comunidade de fé onde desempenha um papel importante, inclusão social não foi uma conquista que veio fácil para o jovem líder.
Aos 5 anos de idade, vivendo no sítio Olho D’água, a família reconheceu que se preocupava com o menino pois ele não falava como as outras crianças.  Com o passar do tempo sua mãe tentou ensinar para ele o alfabeto, as vogais e juntos eles criaram uma forma própria de se comunicar. Usavam muita mímica. Mas os recursos dos quais sua mãe dispunha eram poucos.  Com 12 anos de idade ele foi enviado para a cidade de Patos, PB, para uma escola especial onde ele descobriu com o Pr Schoeps, a linguagem em libras, uma língua que permitia o adolescente se comunicar com o mundo, não só com seus familiares.
O Pr. Shoepps era missionário inglês da Ação Evangélica e se sentia chamado a trabalhar especificamente com meninos surdos naquela região. Com o passar do tempo, já com 13 anos de idade, Luiz Carlos começou a ouvir sobre Deus, sobre a Bíblia, sobre o seu grande amor. Ele já tinha frequentado a missas na paróquia local, mas era tudo muito confuso. Com o Pr. Shoepps um mundo inteiro de informação e formação cristã se abriu para ele.
A avó de Luiz Carlos, responsável pelo adolescente em Patos, alertava-o sobre o mundo dos ouvintes, falava que eles eram maiores e que os surdos eram menores. Essa era a visão que os surdos tinham naquela época,
“Quando estávamos reunidos, interagindo um com o outro, sempre que passava uma pessoa ouvinte, nós parávamos de nos comunicar, e eu me perguntava o porquê disso. Eu não achava certo, mas somos de culturas diferentes”.
Luiz Carlos ingressou no mundo do trabalho por meio do seu tio que mantinha uma banca de cereais no mercado central da cidade. Depois sua mãe o avisou de uma vaga especial no Supermercado Bonanza, onde trabalha até hoje.
Hoje em dia, ele diz, a inclusão social é fácil para ele devido ao curso de libras. Sem isto ele não poderia trabalhar. Além disso, com o avanço da tecnologia, as pessoas surdas podem fazer a maioria de suas coisas com muito mais autonomia, sem depender tanto de um intérprete. Luiz Carlos está em transição. Ele pretende deixar o trabalho no supermercado e assumir nos próximos meses um trabalho de tempo integral na igreja com surdos. Este trabalho envolverá aconselhamento, e o acompanhamento destas pessoas em todas as áreas de suas vidas.
Sobre os que o ajudaram no passado, ele diz
A inclusão social pode ser gerada a partir de pequenos gestos, simples e solidários, que farão uma grande diferença futura para a pessoa e para toda a sociedade.
Brenda Macena, 17 anos, é estudante secundarista, mora em Patos, PB, congrega na mesma igreja na qual atua o Pr. Luiz Carlos.

Fonte: Ultimato
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Eginoaldo

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