Desafiando uma onda de frio polar, uma multidão de manifestantes esperou em frente ao Congresso até as 4h06m da madrugada, quando o controvertido projeto de lei foi finalmente aprovado por 33 votos a favor e 27 contra. Houve três abstenções.
O texto já tinha sido aprovado, no mês passado, pela Câmara dos Deputados. O projeto depende, agora, da sanção da presidente Cristina Kirchner para virar lei. Mas ela já sinalizou que deverá sancionar a medida.
(Veja, em frases, as diferentes posições dos senadores argentinos) Manifestantes se enfrentaram em frente ao Congresso antes da votaçãoA população argentina ficou dividida. Enquanto os senadores debatiam, do lado de fora do Congresso dois grupos de manifestantes enfrentaram-se. Algumas dezenas de cristãos, com panos laranjas amarrados nos braços, ergueram uma imagem da Virgem e seus rosários enquanto oravam: "Santa Maria, mãe de Deus, rezai por nós pecadores".
Na mesma praça, separados por um cordão policial, representantes da comunidade gay e de organizações políticas que apoiam o governo ergueram suas bandeiras multicoloridas e cartazes contra a "ditadura clerical". Responderam as orações dos cristãos com cânticos: "Iglesia, vassura, voto la dictadura" (Igreja, lixo, votou a ditadura). O duelo durou atá que os cristãos, encurralados e atacados com cascas de laranja e ovos, abandonaram suas preces, acusando seus agressores de "intolerantes".
Medida é vista como bandeira para reforçar imagem progressita do casal KNa véspera do debate, as Igrejas Católica e Evangélica já tinham realizado uma manifestação. Não foi a única mobilização. No domingo passado, sacerdotes de todo o país aproveitaram as missas para explicar a posição da Igreja: o matrimônio é uma união entre pessoas de sexo diferente para constituir uma família. No mesmo dia, o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Bergoglio, referiu-se ao casamento gay como um "ataque destrutivo ao plano de Deus".
A resposta do governo não tardou em chegar. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, criticou a Igreja que, segundo ela, ainda vivia "nos tempos das Cruzadas" e não tinha conseguido acompanhar o progresso de uma sociedade argentina, cada vez mais liberal. Para Cristina e seu marido, o ex-presidente e deputado federal Nestor Kirchner, o casamento gay é, segundo analistas políticos, uma bandeira para reforçar a imagem de casal progressista, que já esta de olho na reeleição (dele ou dela) em 2011.
Fonte: O Globo
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