O dia 25 de junho entrou para o calendário do Estado de São Paulo como a data oficial dos PMs de Cristo. Não é fácil para quem não consegue enxergar num policial militar a devoção religiosa de um fiel, principalmente porque a sua missão envolve armas, perseguições, algemas, tiros e muita tensão. O que poucos sabem, entretanto, é que há milhares de evangélicos usando a farda da Polícia Militar. Gente que está no mesmo campo de batalha que muitos outros PMs que não têm a mesma religião.
Eles não são diferentes na hora de agir. Pelo menos é o que garante o vice-presidente da Associação dos Policiais Militares Evangélicos do Estado de São Paulo, o tenente coronel Alexandre Marcondes Terra.
Conhecida como "PMs de Cristo", a Associação comemorou 20 anos de existência recebendo de presente uma data comemorativa. No último dia 25 de junho, o governador Geraldo Alckmin decretou o projeto de lei 594/11, que incluiu no calendário do Estado o dia oficial da organização. Os "PMs de Cristo" oferecem serviço de capelania (culto) e orientação espiritual aos policiais.
Vem se tornando prática corriqueira pelos voluntários a realização de atividades comunitárias nos espaços da Polícia Militar e em diversas igrejas, o que aproxima as pessoas da corporação.
O vice-presidente da associação ressalta que é sempre bom o policial ter a consciência de como é importante exercer o perdão e o amor. "Se não houver isso no coração, nenhuma técnica policial irá ensinar", comenta Terra.
BATE-PAPO
Alexandre Marcondes Terra - vice-presidente da Associação dos Policiais Militares Evangélicos do Estado de São Paulo
1 - Como conciliar as práticas religiosas ao trabalho policial?
Não há nenhum problema porque a Polícia Militar preza muito pelos valores e todos os que estão descritos nos regulamentos têm correspondência com os cristãos. É muito fácil escolher um determinado conceito e achar um exemplo bíblico para correspondente. Por exemplo, de que adianta o policial ser corajoso mas ser corrupto ou mal educado? Explicamos ao policial que um valor não pode vir isolado de outros. É preciso ser justo, honesto, cordial e ter a confiança da comunidade.
2 - A religião influencia em alguma coisa quando é necessário puxar o gatilho?
A arma é um instrumento de trabalho do policial. O cristão não tem problema em usar a força letal, desde que ela seja exercida dentro dos princípios da legalidade. É claro que sempre será o último recurso. O primeiro deles é o diálogo e, a partir daí, o policial tenta resolver os conflitos. Nós entendemos que o uso da força faz parte dos princípios bíblicos. O próprio Jesus fez isso quando expulsou pessoas que estavam no templo afrontando um valor. Os PMs de Cristo ensinam ao policial que ele defende valores e pessoas e conhecer a Bíblia pode ajudá-lo em seu trabalho.
3 - O policial é servidor público do Estado, que é laico. Os "PMs de Cristo" não arranham essa condição?
Não. O Estado tem que ser laico mesmo porque não pode patrocinar uma religião. O Estado permite a prática de qualquer religião desde que os seus princípios não sejam conflitantes com os da instituição. A religião é bem vinda porque pode ajudar os policiais a cumprirem na prática aquilo que ele certamente deseja, que é ser um policial honesto, que respeite o próximo e não ceda ao crime. Cada um pode tirar esses valores de onde quiser. Os "PMs de Cristo" tiram da Bíblia e da vida de Jesus e isso reforça, para eles, os princípios da própria Polícia Militar.
*Com informações da Assessoria de Imprensa e Comunicação da Secretaria da Segurança Pública.
Fonte: Tribuna do Norte
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