MINAS GERAIS - Quem acha que para ser padre tem que ser do sexo masculino está enganado. Neste domingo, a primeira padre mulher do Brasil foi ordenada no salão da comunidade carismática da capela de São Lázaro, no bairro São Benedito, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ana Maria de Almeida, de 26 anos, passou por quatro anos de estudos e, agora, pode celebrar missas, casamentos, batizados e todo tipo de cerimônia religiosa.

Ana Maria é casada com um ex-padre da Igreja Católica Apostólica Romana e tem dois filhos. Segundo o Bispo Lucas Macieira, da igreja Santo Expedito, a mulher foi treinada por ele e por outros padres para receber formação pastoral e fez o curso básico de teologia pela Igreja Episcopal Latina do Brasil.

O Vaticano não permite que uma mulher se torne padre na Igreja Católica Apostólica Romana. Na Igreja Católica Apostólica Latina, no entanto, essa ordenação é possível. Segundo o bispo, na ordem existe um movimento chamado "Eu também sou igreja", feito por mulheres que reivindicam a presença do sexo feminino nos altares para comandar as celebrações. Conforme Macieira, três mulheres na Alemanha, uma na Suiça e outra na Costa Rica já foram ordenadas padres.

Para o bispo, a igreja não pode interferir na escolha de quem deve passar os ensinamento de Jesus. "A igreja é de todo mundo que crê em Deus, quem vai até lá quer ouvir as histórias e os ensinamentos que Jesus passou e não se o padre é homem", diz. Segundo ele, Ana vai realizar casamentos, batizados e missas na igreja da comunidade em Santa Luzia.

Questionado sobre possíveis ações da Arquidiocese, o bispo Lucas Macieira disse que o Vaticano pode excomungar a mulher e os padres que a ordenaram, mas que isso seria injustiça. "Todos queremos servir a Deus. Não é justo que apenas os homens façam isso", afirma.

A igreja é de origem portuguesa e tem a mesma sucessão apostólica da igreja romana. Ela está no Brasil há cinco anos. Segundo o Bispo Lucas Macieira, essa igreja permite que os padres se casem, que os fiéis tenham outras religiões, além de fazer casamentos de pessoas divorciadas. Em Minas Gerais, há quatro templos da igreja, localizados em Contagem, Santa Luzia, Belo Horizonte e Nova Lima.

A reportagem procurou a Arquidiocese de Belo Horizonte, mas nenhum representante da entidade quis falar sobre o assunto. Por meio da assessoria, a arquidiocese afirmou apenas que não pode interferir em outras igrejas.



Fonte: O Tempo
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Eginoaldo

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