Os católicos já perceberam a diferença e, aos poucos, estão se acostumando ao estilo gospel de música. Já foi o tempo em que as canções "Maria de Nazaré" e "Segura na Mão de Deus" eram os únicos sucessos nas missas. Hoje, os hits cantados nas celebrações são compostos por autores evangélicos, sem preconceito.
O maior nome da Igreja Católica no Brasil, padre Marcelo Rossi, é assíduo do "canto de louvor". Ele puxa o coro em músicas como "Faz um Milagre em Mim", "Deus do Impossível" e "Fico Feliz", todos sucessos de cantores evangélicos. O povo acompanhava entusiasmado, em voz e gestos, a celebração realizada na última quinta-feira, no santuário Mãe de Deus, em Interlagos (zona sul de SP), para mais de 6.000 pessoas.
O estilo musical da "concorrência" começou a ganhar força nas igrejas com o crescimento do movimento carismático, ocorrido nos anos 90. Até então, a troca de canções entre as duas religiões era quase imperceptível. Entre os evangélicos, apenas o padre Zezinho --primeiro religioso cantor do país-- era aceito. A "Oração da Família", composta e gravada por ele, é considerada letra universal.
Unificação
Atualmente, os estilos caminham para a unificação, segundo os próprios religiosos. "Hoje está acontecendo o uso comum das músicas porque as letras deixaram de fazer apologia a uma determinada religião e passaram a se voltar à mensagem do evangelho", afirma o padre Juarez de Castro, secretário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo. As letras não citam mais termos religiosos típicos das missas --como a eucaristia, por exemplo.
Para Rodrigo Plaça, cantor católico, a adesão ao gospel acontece porque a base musical evangélica é melhor, quase lírica. "A música deles é de louvor, de entrega. Quando escutam, as pessoas entram em uma espécie de transe, ficam emocionadas e colocam suas emoções para fora. Os católicos perceberam esse sucesso e foram atrás", afirma.
A democracia musical tem base bíblica, segundo o casal de empresários Ricardo Rodrigues, 47 anos, e Silvia Amaro, 44. "Somos todos cristãos. A única diferença é que eles [evangélicos] não têm o costume de louvar Maria como a mãe de Deus", afirma Rodrigues. A aceitação tem sido tão grande que, na porta do santuário do padre Marcelo, por exemplo, as barraquinhas de ambulantes comercializam também os CDs de gospel.
Fonte: Jornal Dia a Dia
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