Reportagem publicada nesta quarta-feira (28) pelo jornal "O Estado de São Paulo" diz que a Igreja Universal do Reino de Deus remeteu ao exterior, de forma supostamente ilegal por meio de doleiros, cerca de R$ 5 milhões por mês entre os anos de 1995 e 2001. Com isso, o valor enviado seria próximo de R$ 400 milhões.
O jornal diz que a informação foi dada por Cristina Marini, sócia da casa de câmbio Diskline, empresa por meio da qual o dinheiro teria sido remetido. Ela prestou depoimento na terça-feira (27) a promotores do Ministério Público Estadual de São Paulo e, conforme o "Estado", repetiu o depoimento já havia sido dado à Promotoria da cidade de Nova York.
A defesa da Universal negou as acusações, segundo a reportagem.
O depoimento da empresária faz parte do processo que tramita desde agosto do ano passado na Justiça de São Paulo contra dez líderes da igreja, acusados pelo Ministério Público de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A denúncia do MP dizia que a Universal desviou dinheiro doado por fiéis para o exterior e usou os valores para compra de empresas de comunicação no Brasil. Para os promotores, os líderes da igreja se aproveitaram da imunidade tributária da Universal, já que a Constituição prevê que "templos de qualquer culto" sejam isentos de impostos.
De acordo com "O Estado de S.Paulo", Cristina Marini e seu sócio Marcelo Birmarcker colaboram com as investigações sobre a Universal no Brasil e nos Estados Unidos em troca de benefícios em caso de condenação. Os dois passaram a ser investigados nos Estados Unidos após as autoridades brasileiras pedirem cooperação internacional para apurar o caso.
Cristina afirmou, segundo o "Estado", que começou a enviar dinheiro da Universal para o exterior em 1991. As operações teriam se intensificado entre 1995 e 2001 e era utilizado o sistema "dólar-cabo", no qual o dono do dinheiro entrega ao doleiro o valor em espécie em reais e o mesmo deposita em dólares em uma conta do cliente no exterior. A empresária disse que recebia pessoalmente o dinheiro e que o contato era feito com Alba Maria da Silva Costa, da cúpula da Igreja e uma das rés do processo na Justiça paulista.
Ao "Estado", o advogado Antônio Pitombo, que defende a Universal, afirmou que já esperava "um fato novo" no processo. "Todas as vezes que são impetradas medidas judiciais contra a ilegalidade na investigação são criados fatos e manchetes para perturbar a neutralidade do julgamento."
O G1 procurou a assessoria de imprensa da Universal para saber se a direção da igreja quer se manifestar e aguarda resposta.
Entenda o caso
De acordo com o MP, os líderes da Igreja Universal integram um grupo que supostamente remetia os recursos oriundos de doações dos fiéis da igreja para duas empresas: a Unimetro Empreendimentos S/A e a Cremo Empreendimentos S/A. Segundo os promotores, seriam empresas de fachada.
Segundo comunicado divulgado pelo Ministério Público na ocasião, "para os promotores, ficou comprovado que o dinheiro das doações, em vez de ser utilizado para a manutenção dos cultos, era desviado para atender a interesses particulares dos denunciados".
A promotoria diz que Cremo e a Unimetro "remetiam esses recursos para empresas localizadas em paraísos fiscais". Segundo o MP, "o esquema garantia que o dinheiro retornasse ao Brasil em forma de contratos de mútuo celebrados com intermediários que fazem parte do grupo acusado, e fosse utilizado na compra de empresas de comunicação".
Em 2004 e 2005, de acordo com o MP, as duas empresas "foram responsáveis pela movimentação, ocultação e dissimulação de mais de R$ 71 milhões". O Ministério Público afirma que, há dez anos, o grupo utiliza a Igreja Universal para a prática de fraudes.
Fonte: G1
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