Pai de Lucas Terra fez protesto em frente ao fórum

Helga Cirino, do A TARDE

A acareação entre o bispo Fernando Aparecido da Silva, 31 anos, e o pastor Joel Miranda, 42, e Sílvio Roberto Santos Galiza, 26, condenado pelo assassinato de Lucas Terra, encontrado morto no dia 21 de março de 2001, foi adiada pela segunda vez, nesta terça-feira, em uma das salas da 2ª Vara do Júri do Fórum Ruy Babosa. Silva e Miranda faltaram mais uma vez à audiência, alegando falta de provimentos para viajar dos estados de Pernambuco e Rio de Janeiro, onde moram, para a Bahia. O Ministério Público pediu a prisão preventiva de ambos.

A atitude indignou o promotor de Justiça Davi Gallo Barouh que pediu ao juiz titular da 2ª Vara do Júri a prisão preventiva dos dois acusados. “Já é a terceira vez que eles não comparecem. Isso é total falta de respeito com a Justiça baiana“, reclamou. A audiência foi adiada para a próxima terça-feira, às 9 horas. “Quer dizer que eles não possuem proventos para vir à audiência, mas têm dinheiro para mandar seis advogados de São Paulo para cá“, explicou.

Audiência – Por volta das 8 horas, o pai de Lucas Terra, Calos Terra já estava na porta do Fórum Rui Barbosa, carregando uma faixa, pedindo a punição dos autores do assassinato de seu filho, aos 14 anos. “Eles estão tripudiando da autoridade da Justiça. Mataram meu filho e agora se recusam até de virem prestar depoimento“, reclamou. De acordo com o promotor Barouh, caso eles não compareçam a audiência na próxima terça-feira,

Para o Ministério Público Estadual (MPE), os acusados estão “achincalhando a Justiça baiana”. Para o pai de Lucas Terra, o representante comercial Carlos Terra, “eles (o bispo Fernando Aparecido da Silva, 31 anos, e o pastor Joel Miranda, 42) acreditam estar acima da lei”. Já os quatro advogados de defesa de Miranda e Aparecido, dois deles de São Paulo, seus clientes “não podem ser culpados pela morosidade da Justiça”, segundo disse um deles, Marcelo Bianco.

Com isso, a acareação entre Aparecido, que mora em Cabo Frio (RJ), e Miranda, que encontra-se em Recife (PE), com o também pastor Sílvio Roberto Santos Galiza, 26, já condenado pelo crime e que cumpre pena de 15 anos na Penitenciária Lemos Brito, foi adiada e não tem data marcada. “Farei audiência para ouvir testemunhas, em 20 de maio, e espero que os interessados se empenhem para que as precatórias sejam cumpridas. Farei a acareação durante a instrução do processo”, disse o juiz Vilebaldo de Freitas Pereira, titular da 2ª Vara do Júri, referindo-se ao instrumento jurídico para depoimento de processado que reside fora do Estado foro do processo.

A audiência começou às 9h20 e acabou às 11h30, com dezenas de pessoas – muitos estudantes universitários – “apertadas” na sala de sessões do magistrado, de onde Galiza chegou a ser expulso pelo juiz Freitas Pereira, após tentar se pronunciar por duas vezes, sem autorização do juízo. Sem acompanhamento dos advogados dele, Sérgio Habib e Fabiano Pimentel, Galiza quis contestar a fala de um dos defensores dos colegas evangélicos que denunciou, sem êxito. Argumentos – Os advogados Serretti Bianco, Cleusy das Virgens, Anderson George Casé e Renato Ratti justificaram que seus clientes não compareceram por falta de recursos financeiros. “Além do deslocamento, há custo de hospedagem, alimentação e vestuário”, emendou Rati, o que suscitou questionamento quanto ao pagamento dos honorários deles. Serretti Bianco rebateu: “Isso só é pertinente ao advogado e seu cliente”.

Os defensores dos acusados alegaram, ainda, que não poderia haver acareação se as precatórias não foram cumpridas e seus clientes não prestaram depoimento. “Não depende deles e sim da Justiça”, disse Ratti, enquanto o pai da vítima, Carlos Terra, balançava a cabeça em tom de desaprovação. Ele continua a vestir-se totalmente na cor preta, nessas ocasiões, além de distribuir cartas à população, contando o drama da família desde a morte de Lucas, em 21 de março de 2001. “Os dois foram intimados para a acareação e mesmo que não tenham prestado depoimento deveriam estar aqui. Então, poderiam ser ouvidos. Isso mostra que nunca serão ouvidos se não forem presos”, protestou o promotor de justiça do MPE Davi Gallo Barouh.

Fonte: A Tarde



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