A jornal, presidente disse que Cristo teria de se aliar a Judas no Brasil.
Dom Dimas comentou frase e defendeu aprovação do projeto da ficha suja.
Ao comentar as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (22), de que "Cristo teria de se aliar a Judas para governar o Brasil", o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, lembrou que "Cristo não fez alianças com fariseus".
Para dom Dimas, fariseus são "pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra". "Sem dúvida, Judas foi um dos discípulos de Cristo. Mas quero lembrar que Cristo não fez aliança com fariseus e saduceus", disse dom Dimas.
Antes de responder, no entanto, Dimas brincou ao saber do comentário de Lula: "Nossa, a coisa está tão ruim assim?"
Sem dúvida, Judas foi um dos discípulos de Cristo. Mas quero lembrar que Cristo não fez aliança com fariseus e saduceus"
Em entrevista publicada na edição desta quarta-feira (22) do jornal "Folha de S. Paulo", Lula utilizou a religião em uma metáfora política ao comentar acordos eleitorais. "Se Jesus Cristo viesse para cá (Brasil), e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão", disse o presidente.
O secretário-geral da CNBB preferiu não entrar diretamente no mérito da frase, mas
lembrou a classe pobre do país, que muitas vezes permanece à margem da sociedade. Dom Dimas também lembrou do projeto que está em discussão no Congresso que pretende proibir a candidatura de brasileiros que tenham pendências com a Justiça.
"Quero aproveitar a ocasião para lembrar que a Igreja continua com a sua luta a favor do projeto das fichas limpas na política. A coisa pública exige o mínimo de ética de quem a pratica", argumentou.
Questionado se os fariseus utilizados em sua metáfora seriam os políticos com ficha suja ou o principal partido da base governista, o PMDB, dom Dimas respondeu: "Quando falei em fariseus, não estava me referindo a partidos políticos. Mas Deus conhece o coração das pessoas."
Dom Dimas concedeu entrevista nesta quarta, depois do lançamento da campanha que pretende estimular os fiéis da Igreja Católica a realizar o teste de HIV e de sífilis em seis capitais do país. Ao comentar a parceria com o Ministério da Saúde, o secretário-geral da CNBB afirmou que a posição contrária da Igreja ao uso de preservativos está mantida: "Quanto mais a sociedade estiver unida em torno dessa questão da Aids, quem vai ganhar é a população. Mas as coisas (o teste de HIV e o uso de preservativos) não se misturam. A Igreja continua defendendo o valor da família, da fidelidade e do amor."
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