“Mil cairão ao teu lado e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti”. O salmo 91 reproduz bem o que aconteceu com a costureira Denize da Silva Rima, de 38 anos. Evangélica, ela havia lido a Bíblia, na noite de terça-feira, como de costume, inclusive essa passagem.
Poucas horas depois, Denize presenciou, de sua janela, várias casas desabarem no bairro da Prainha, em Nova Friburgo. Assustada, acordou a filha, de 16 anos, o irmão e a família dele. Saíram do imóvel correndo e buscaram abrigo num bar. Denize e a família conseguiram sobreviver. A costureira ficou apenas com escoriações nas mãos, mas as marcas do que aconteceu dificilmente se apagarão de sua cabeça.
— Estava na janela e vi tudo. Saí de casa e tentei ajudar as pessoas, mas deu um relâmpago que iluminou tudo e vi uma avalanche vindo. Por sorte, a terra me jogou para trás. Se eu tivesse um pouco mais à frente, eu teria sido levada — disse.
Por coincidência, na semana anterior à tragédia, ela tinha subido até o alto do morro que desabou. Vislumbrou a possibilidade de um dia isso acontecer. E foi isso que ela pensou quando o temporal começou.
— Pensei que as pedras podiam rolar e acertar as casas aqui embaixo — disse.
Ontem, ele voltou para ver sua casa. Foi uma das poucas que restou de pé na área em que ela vivia. Pelas contas de Denize, pelo menos 18 casas simplesmente sumiram no meio do monte de terra que ruiu. Com ajuda de familiares e amigos, ela retirava os pertences e se emocionava com o que ocorreu. Antes de escapar do pior, ela ainda ouviu os gritos de socorro de alguns vizinhos.
— A terra tremeu. A última coisa que escutei foi minha vizinha gritando “ Denize, me tira. Tira meus filhos.” Vai ser difícil de esquecer. É um trauma. Foi terrível, nunca vi uma coisa tão triste assim na minha vida — disse ela, que está vivendo na casa de uma irmã.
Fonte: Extra Online
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