Se existe um lugar onde Edson Spinello se sente completamente à vontade é o estúdio de gravação. Sem pressa e sempre de olho nas atuações, o diretor não se incomoda em ensaiar e gravar até achar o ponto exato da cena. "Me considero um diretor de atores. É claro que fico atento à sequência como um todo, mas não existe cena boa com atuação média", opina.
O perfeccionismo de Edson vem crescendo desde meados de 2010, quando foi convocado para assumir a direção-geral de Rei Davi, adaptação da história bíblica ¿ assinada por Vivian de Oliveira ¿ que marca a estreia do diretor no comando de minisséries do gênero épico. "É claro que dá muito mais trabalho que uma novela cotidiana. Mas a pesquisa e a realização deste trabalho me deram a possibilidade de me reciclar como profissional", valoriza o diretor, revelado pela Globo em O Fim do Mundo, de 1996, e contratado da Record desde 2006.
Para contar a história de Davi, interpretado por Leandro Léo na adolescência e por Leonardo Brício na maturidade, a emissora investiu cerca de R$ 850 mil em cada capítulo. Com cenas gravadas no Canadá e no interior de Minas Gerais, novos efeitos visuais e intenso trabalho de direção de arte e caracterização, tudo em Rei Davi é superlativo. Mas em nenhum momento Edson se intimidou com a empreitada. "Estamos protegidos por um texto muito bom, que mostra o lado guerreiro, mas também a intimidade de Davi. Torço para que o público se conecte a essa história".

Confira a entrevista com o diretor a seguir.

TV Press - Adaptar a história de Davi para a TV foi uma encomenda da alta cúpula da Record. Você chegou a se perguntar qual foi a razão de o escolherem para dirigir a minissérie?
Edson Spinello - Logo no início, quando comecei a pensar nas cenas e a me preparar para Rei Davi, achei estranho eles não investirem na mesma equipe das outras minisséries bíblicas que já foram produzidas pela casa. Meu foco é a atuação e a história de Davi ultrapassa a questão das cenas grandiosas e dos efeitos visuais. Ela é, sobretudo, uma história de bons personagens e que tem um anti-herói como protagonista, um sujeito cheio de erros e acertos. Acho que me convidaram porque queriam um cuidado a mais na interpretação dos atores para esta saga.

TV Press - A trajetória de Davi vai além da luta contra Golias. O que você sabia sobre essa história antes de assumir a direção da minissérie?
Edson - Como a grande maioria das pessoas, conhecia apenas o básico, o que está no inconsciente coletivo: a batalha contra o gigante e um pouco sobre o romance com Bate-Seba. Fui na fonte, li a Bíblia e, quando me deparei com a história completa, fiquei encantado com a complexidade e variedade de temas que envolvem a vida dele. É uma história atemporal e dramaturgicamente rica, que não se limita apenas à religiosidade.

TV Press - A produção é ambientada mil anos antes de Cristo e existem poucas referências estéticas sobre a época. Qual foi a parte mais difícil para a construção deste trabalho?
Edson - Achar as locações ideais. As regiões retratadas pela história são desérticas e é complicado ter um terreno desses no Brasil. Depois de rodar muito, conseguimos ótimas cenas nas regiões de Cache Creek, Kamloops e Ashcroft, no Canadá. Também chegamos a pesquisar regiões no Chile, mas o investimento não valeria tanto. Até que a equipe se encantou com Diamantina, interior de Minas Gerais. Um local que rendeu lindas imagens com um custo mais razoável. Porém, ninguém contava com o péssimo clima para gravar lá nos últimos meses.

TV - As chuvas cancelaram muitas gravações em Diamantina. Você chegou a ficar apreensivo em procurar outra locação?
Edson - Não chegou a tanto. Eu sabia que era só o sol voltar a brilhar naquela região que a gente teria as cenas. Por sorte, a equipe estava dentro do cronograma, então a gente pôde ficar tranquilo e esperar o melhor momento para gravar. Enquanto as chuvas caíam por lá, aproveitávamos para acelerar as gravações na cidade cenográfica, no estúdio e nas locações próximas ao Recnov (complexo de teledramaturgia da Record, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro).

TV Press - Rei Davi é a primeira minissérie dirigida por você, além de ser sua estreia no gênero épico. Qual foi o saldo desses 17 meses de trabalho? Edson - Muito positivo. Vejo as cenas e fico orgulhoso do trabalho em conjunto que foi desenvolvido. Fazer uma minissérie desse porte requer uma equipe técnica integrada e concentrada no que está produzindo. A emissora confiou na abordagem que eu e a Vivian (de Oliveira) montamos e nos deu liberdade de criação. Fico feliz também com o desempenho do elenco, que teve de embarcar em um intenso processo de preparação para contar essa história.

Rei Davi - TV Record - Terças e quintas, às 23 h

Fonte: Terra
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Eginoaldo

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