Rio - Preso há quase dois meses, o goleiro Bruno mostrou nesta quinta-feira que ainda tem prestígio entre os torcedores do Flamengo. Em Jacarepaguá para uma audiência no Fórum de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, o atleta recebeu o apoio de torcidas organizadas - como a 'Urubu Guerreiro' e 'Torcida Jovem' - e até mesmo uma Bíblia.

>>FOTOGALERIA: Bruno e Macarrão participam de audiência no Rio

O presidente de uma das organizadas, identificado como José Carlos, disse que enviou a bíblia para Bruno através de seus advogados de defesa e dentro do livro colocou um bilhete dizendo "Na hora da fama, falsos amigos te acompanham. Na hora do sofrimento, só um amigo não te deixa, que é Deus. Você faz parte da história do Flamengo e nós nunca te esqueceremos".

Até o início da noite desta quinta-feira, duas testemunhas de acusação prestaram depoimento no processo que apura a participação do goleiro e seu amigo no sequestro da ex-amante do atleta, Eliza Samudio. A delegada Maria Aparecida Mallet, a primeira que atendeu Eliza, e a amiga da ex-amante, Milena Baroni Fontana, falaram sobre o caso durante a tarde desta quinta-feira. Milena pediu para que Bruno e Macarrão fossem retirados da sala de audiência durante o seu depoimento. Ela alegou "motivo de foro íntimo" e o juiz que presidia a sessão acatou o pedido.

Bruno e Macarrão aguardaram o início da audiência na 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá em salas separadas. Eles só podem se comunicar com seus advogados através de um local chamado de parlatório - sala separada por vidros e equipadas com um telefone. Os detentos só podem receber comida lacrada.

Eliza Samudio está desaparecida desde o dia 4 de junho e na época estava grávida de cinco meses do filho que alegava ser de Bruno. Ela teria sido forçada a tomar substâncias abortivas na ocasião.

Eliza disse que foi ameaçada pelo goleiro, segundo delegada


Em seu depoimento, Maria Aparecida Mallet disse que foi procurada por Eliza no dia 13 de outubro de 2009. Segundo a estudante, ela entrou em um carro onde o goleiro estava ao volante. Macarrão foi para o banco de trás e todos seguiram para o condomínio onde Bruno morava, na Zona Oeste. Chegando lá, ainda na garagem, os dois a obrigaram a tomar uma substância abortiva. A estudante, que está desaparecida desde o dia 4 de junho, estava na época grávida de cinco meses do filho que alegava ser de Bruno.

Ainda segundo a delegada, Eliza disse que desmaiou e, ao acordar, fingiu ter abortado para sair da casa do goleiro. Ao deixar o condomínio, ela teria seguido para a delegacia para prestar a queixa contra o goleiro e seu amigo.

Dupla chega ao Rio pela manhã

Bruno e Macarrão desembarcaram por volta de 10h45 desta quinta-feira no Aeroporto Santos Dumont, passaram pelo Instituto Médico Legal (IML), na Leopoldina, e em seguida foram levados para Jacarepaguá. A dupla chegou à capital Fluminense em um avião Bandeirante da Polícia Civil de Minas Gerais. Eles deixaram o presídio mineiro de Contagem por volta de 8h50 e embarcaram em direção à capital fluminense no Aeroporto da Pampulha.

Três viaturas da Polinter já esperavam Bruno e Macarrão na pista do Santos Dumont. A Polícia Militar esteve presente apenas nas dependências do aeroporto para prestar suporte à Polícia Civil. Os dois vieram escoltados por três agentes penitenciários no voo de Minas para o Rio e seguiram em carros separados. O desembarque foi feito por uma área restrita da Polícia Civil. Bruno estava de calça jeans e blusa escura e Macarrão com camisa branca e calça jeans.

Macarrão desembarca com bíblia na mão

Bruno e Macarrão desembarcaram com o uniforme do Presídio mineiro de Nelson Hungria, mas após terem as algemas retiradas voltaram para o avião. Após alguns minutos, desceram novamente com roupas comuns. Os dois mantiveram os cabelos curtos e Macarrão segurava uma bíblia.

Em seguida, Bruno e Macarrão foram levados para o Instituto Médico Legal (IML), na Leopoldina, onde fizeram exame de corpo de delito. Macarrão foi o primeiro a sair e Bruno deixou o prédio logo depois. Os dois ficaram no local por aproximadamente 20 minutos.

A primeira audiência do processo, que tramita na 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, será de instrução e julgamento, e o juiz Marco José Mattos ouvirá apenas as cinco testemunhas de acusação convocadas pelo promotor Eduardo Paes, do Ministério Público. Mesmo não sendo ouvidos pelo magistrado na quinta-feira, Bruno e Macarrão têm o direito de presenciar a audiência. As testemunhas listadas pelo advogado Ercio Quaresma, que defende o goleiro e o amigo, serão ouvidas em outra audiência, ainda sem data definida.

O DIA noticia o caso com exclusividade

Eliza está desaparecida desde o dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a teria agredido para que ela tomasse remédios abortivos para interromper a gravidez. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para provar a suposta paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá. No dia seguinte, O DIA noticiou, com exclusividade, o caso. Com equipes de reportagem no local, O DIA ONLINE acompanhou a investigação da história, minuto a minuto, a partir do dia 26 de junho.

A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que ela havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa, mas logo conseguiu a liberdade. O goleiro e a mulher negam as acusações de que estariam envolvidos no desaparecimento de Eliza e alegam que ela abandonou a criança.

Na quarta-feira 7 de julho, a Justiça decretou prisão preventiva do goleiro Bruno, o amigo Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos - conhecido como "Neném", "Bola" ou "Paulista", sua mulher Dayanne e mais quatro envolvidos no crime. A polícia apreendeu ainda um menor, de 17 anos, primo de Bruno, que teria participado da trama. No dia seguinte, 8 de julho, a mãe de Eliza Samudio ganhou a guarda provisório do bebê, agora com 5 meses. No dia seguinte, Bruno, Macarrão e Neném foram convocados a prestar depoimento mas se negaram. Segundo seus advogados, os acusados só falarão em juízo.

Fonte: O Dia Online

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Eginoaldo

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