MIANMAR - A Junta Militar de Mianmar está distribuindo ajuda aos atingidos pelo ciclone Nargis de forma "muito seletiva", de acordo com um membro da ONG alemã Diakonie Katastrophenhilfe, uma organização ligada à Igreja Protestante alemã.

"A distribuição de alimentos está sendo realizada exclusivamente pelas Forças Armadas, que aparentemente a fazem de maneira "muito seletiva", declarou Peter Rottach, que entrou disfarçadamente em Mianmar com um visto de turista.

"Não parece que a grande maioria da população carente esteja sendo assistida corretamente", disse o ativista da ONG Diakonie Katastrophenhilfe.

Em Rangum, capital de Mianmar, "há comida, apesar de os preços dos gêneros alimentícios terem aumentado cerca de 50%, mas é quase impossível encontrar água potável", relatou Peter Rottach, sobre a situação após a passagem do ciclone que devastou o sul de Mianmar no fim-de-semana passado.

"A água das torneiras apresenta uma cor acastanhada e um tremendo odor a putrefação", acrescentou ele.

De acordo com informações da Gospel for Asia (GFA), há cerca de 500 missionários no país, 400 igrejas cristãs e 250 escolas bíblicas.

Visão Mundial está no país

A ONG australiana Visão Mundial disse que as conseqüências do ciclone Nargis em Mianmar poderão ser mais devastadoras do que as do tsunami de Aceh, na Indonésia, que em 2004 causou mais de 226 mil mortes e destruiu várias regiões da Ásia.

A Visão Mundial é uma das poucas organizações internacionais de ajuda humanitária autorizadas a trabalhar em Mianmar, onde tem de se submeter às apertadas restrições impostas pela Junta Militar que governa o país.

Tim Costello, da Visão Mundial, especificou em um comunicado que a ajuda internacional está chegando aos carentes, mas "a conta-gotas e sem levar em consideração as reais necessidades das vítimas".

"Fica-se com a impressão de que a assistência está chegando de forma errada aos destinatários e teme-se o perigo de epidemias", acrescentou TIM Costello.

A Visão Mundial é uma das primeiras ONGs a receber sinal verde para levar ajuda às vítimas do ciclone, num valor de dois milhões de euros e com uma equipe de 25 especialistas em situações de emergência, que ainda continuam à espera de vistos em Bangcoc para chegar até as regiões afetadas.

Segundo o governo de Mianmar há 23.335 mortos e 37.019 desaparecidos em conseqüência do ciclone Nargis, mas as agências de ajuda humanitária da ONU apontam para um número de entre 63 mil e 102 mil vítimas mortais, além de 220 mil desaparecidos e quase dois milhões de desalojados.

Fonte: Portas Abertas

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Eginoaldo

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