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No Estado, número de evangélicos chega a 1,4 milhão. A proporção saltou de 8,2% para 16,2%. As informações são do Ministério de Apoio com Informação (MAI), a partir de dados do IBGE

O Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deverá confirmar uma tendência crescente nas duas últimas décadas: o Ceará está se tornando cada vez mais evangélico e menos católico. Em 2000, ano do último censo, 8,2% dos cearenses afirmaram serem
Evangélicos (678.656 pessoas). Em 2009, esse percentual saltou para 16,2%, ou seja, cerca de 1,4 milhão de pessoas. A estimativa é do Ministério de Apoio com Informação (MAI), entidade que assessora igrejas em todo o Brasil. Elaboradas a partir das informações do IBGE, as projeções desenvolvidas pelo MAI servem de referência para as ações dos líderes religiosos tendo em vista a expansão da Igreja Evangélica no País.

O levantamento mais recente sobre o perfil religioso do brasileiro foi divulgado na semana passada, no site da entidade. Dentre suas revelações, está um dado que impressiona: o número de evangélicos em Fortaleza chegou a 22% em 2007, ano de referência para os dados referentes a municípios. Isso significa dizer que de cada cinco fortalezenses, um é evangélico. O percentual anterior, do Censo 2000, era de 12,6%.

Um resultado semelhante ao obtido em Fortaleza é observado em outros municípios da Região Metropolitana, como Caucaia (23,2%), Eusébio (23,9%) e Maracanaú (22,8%). Embora ainda seja baixa, a proporção de evangélicos dobrou na terra do padim Ciço, Juazeiro do Norte: passou de 4,5%, em 2000, para 10,4%, em 2007. Um resultado surpreendente foi registrado em Graça, município localizado na Zona Norte do Estado. Lá, o percentual de evangélicos saltou de 3% para 42,9% em apenas sete anos.

A expansão na quantidade de fiéis ocorre, como não poderia deixar de ser, paralelamente ao crescimento do número de templos na Capital, como publicado na edição de ontem do O POVO. As igrejas Assembléia de Deus (3,70%), Universal do Reino de Deus (3,10%) e Batista (1,90%) lideram em termos de quantidade de fiéis, de acordo com a projeção do MAI.

De acordo com o teólogo e pastor da Igreja de Cristo de Fortaleza, Carlos Queiroz, esse crescimento acompanha o fenômeno de espiritualismo na sociedade pós-moderna. “Crescem todos os grupos religiosos mais espiritualistas. Os evangélicos têm conseguido maior visibilidade pela capacidade que tem de utilizar os meios de comunicação”, explica. O pastor acrescenta que a estruturação da igreja evangélica também contribui. “O fenômeno denominacional gera um processo de divisão que vai espalhando a presença dos evangélicos em vários bairros. É como se fosse uma árvore, com seus vários galhos”, diz Queiroz. A dona de casa Antônia Moraes, 72, acompanha de perto esse crescimento. Ela é evangélica desde criança e percebe um aumento no número de fiéis e de igrejas pela cidade. “As pessoas estão buscando mais a Deus. Isso é uma grande bênção”, acredita.

E-MAIS

> Quando se observa o quadro religioso na Região Nordeste, o Ceará ocupa a 7ª posição em termos de número de evangélicos.

> O Ceará fica à frente apenas de Sergipe (13%) e Piauí (11,8%).

> O estado nordestino com o maior percentual de evangélicos é Pernambuco (25,2%), seguido da Paraíba (20,4%) e do Maranhão (19,9%).

BATE-PRONTO

PARA O MUNDO

Darckson Lira é pastor-presidente do Ministério Vale de Bênção, uma denominação que conta com templos nas cinco regiões do País e representações na Índia, Argentina e Suíça. Cearense, ele trabalhou e apresentou programas religiosos de rádio e TV nos Estados Unidos durante cinco anos. Em entrevista por e-mail, falou sobre sua trajetória.

O POVO - Como os evangélicos eram vistos na época em que o senhor criou sua igreja. O que mudou de lá para cá?
Darckson Lira - A Igreja Evangélica, de um modo geral, passou por transformações intestinas, revoluções na mentalidade interna, assumindo um “evangelho” mais antropocêntrico, onde doutrinas bem tradicionais foram sendo substituídas por conceitos atualizados, talvez na tentativa de estabelecer um diálogo com a modernidade.

OP - Qual foi o motivo de o senhor ter criado uma nova denominação e não apenas ter continuado em uma outra igreja evangélica?
Darckson - Não foi fácil. Nossas tradições e dogmas exercem uma influência e domínio sobre nós, que dificultam a abertura para o novo. Havia, principalmente naqueles anos, o que chamamos de “mentalidade legalista”, que tornava a vivência cristã um fardo opressivo.
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Eginoaldo

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