Ao comentar a entrada do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) no Ministério da Pesca, o ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, declarou em entrevista que "é claro" que vai facilitar a relação com os evangélicos. Ele disse também que Crivella deve ajudar na eleição em São Paulo, onde o PT quer eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Carvalho reconheceu que a entrada de José Serra na disputa paulistana "muda muito o cenário" das eleições locais. Além disso, Carvalho fez questão de defender o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, negando que ele tenha traído o PT ao ter acenado com um acordo com os petistas na capital paulista e, com a decisão de Serra de concorrer, ter mudado de opinião e voltado a apoiar o tucano.

Questionado se Kassab "passou a perna" no PT, Carvalho negou e saiu em defesa do atual prefeito. "Eu não vejo desse jeito. Desde o começo, o Kassab foi transparente com a gente. Ele nunca disse que deixaria de apoiar o Serra. Kassab foi rigorosamente fiel ao que ele tinha nos dito. Ele queria fazer o acordo, mas se o Serra viesse, ele disse não podia ir (apoiar a candidatura petista)", afirmou.
Carvalho salientou, no entanto, que o PT e o PSD "seguem dialogando e isso para nós é muito importante". O ministro lembrou ainda que na conversa com o prefeito Kassab, ele também deixou claro que "o PSD sai do apoio em São Paulo", acrescentando que isso não afeta em negociações em relação a outros Estados e cidades do País.

"Ele (Kassab) deixou claro Mas que São Paulo é São Paulo e Brasil é Brasil. Nossa relação com o PSD não muda a partir da relação com São Paulo, de maneira alguma. Vamos continuar aliados em outros lugares", completou Carvalho, citando que o PSD votou com o governo na aprovação do Funpresp (32 a favor e 10 contra), dando mais votos ao projeto do que alguns partidos da base aliada.

Gilberto Carvalho tentou dissociar as decisões do governo de escolher Crivella para a Pesca, tirando a pasta do PT e dando para um evangélico, na tentativa de neutralizar as acusações que possam surgir na campanha, atrelando Haddad com o "kit gay" ou às críticas aos evangélicos do próprio ministro da Secretaria Geral, no Fórum Social. "Não podemos misturar as coisas. São Paulo é importante, mas não é São Paulo que dirige todo o processo federal. A presidenta (Dilma) deixou claro isso na sua viagem ao Ceará e a Pernambuco, quando disse que ela é presidenta do País. Ela tem que pensar na questão federativa, na questão geral. Então não dá para dizer que teve uma vinculação tão clara, uma vinculação com esse episódio", comentou o Carvalho, justificando que a entrada do PRB no Ministério "é claro que ajuda por ser um partido da base que há muito reclamava a presença no governo e agora foi contemplado".

O ministro-chefe da Secretaria Geral, no entanto, não quis comentar se o governo precisa apressar a nomeação do novo ministro dos Transportes do PR, para acalmar o partido e selar o apoio dele ao candidato petista, em São Paulo, desistindo da ameaça de lançar o deputado Tiririca para disputar a prefeitura paulistana. "Eu não vou entrar nesse assunto. É um assunto da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e da própria presidenta", disse.

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Eginoaldo

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