Serviço Religioso do Hospital de São João promove a comunhão entre todos os que desejam uma acção espiritual
Acolher todos é o objectivo da Celebração Ecuménica que esta noite vai decorrer no Hospital de São João, no Porto.

Com uma história de cerca de oito anos, o Serviço Religioso deste estabelecimento hospitalar promove a comunhão entre todos os que desejam uma acção espiritual e os que têm sensibilidades diferentes na sua relação com a vida e com a religião.

“Queremos acolher todos os que não sendo católicos, pertencem a outras Igrejas e a outras religiões e, por isso, têm de ser tratados com o mesmo acolhimento, alegria e sentimento de serviço”, traduz à Agência ECCLESIA D. Fernando Luz Soares, Bispo da Igreja Lusitana.

O Serviço Religioso do Hospital de São João foi, durante anos, “criando uma relação de abertura e comunhão entre as diversas confissões religiosas”. D. Fernando Soares atribui o espírito de atenção ao outro a essa abertura.

Para além da dimensão espiritual do ecumenismo, “da oração em comum, é fundamental assumir a vertente do serviço”.

O Hospital de São João está ao serviço não só dos doentes, mas de todos os que os servem – corpo médico e de enfermagem, técnicos e voluntários - “para uma abertura à presença de pessoas de outras Igrejas e religiões”, explica o Bispo da Igreja Lusitana.

Esta entidade hospitalar dinamiza um serviço de acolhimento ecuménico onde participam representantes de Igrejas diversas. Esta tem sido uma oportunidade dada aos ministro das religiões para que possam desenvolver o seu trabalho de assistência religiosa aos seus fiéis.

D. Fernando Soares dá conta que recentemente foi criada, à entrada do estabelecimento hospitalar, uma área de atendimento, não apenas para doentes, mas destinada também a familiares, onde se encontram também representantes das Igrejas a expor a sua posição religiosa.

Existe igualmente uma pequena biblioteca para consulta de livros das várias Igrejas.

Estes são alguns exemplos efectivos que permitem o contacto com outras respostas. Consequência desta realidade que conhece, o Bispo da Igreja Lusitana afirma ser fundamental a existência de uma regulamentação sobre a assistência espiritual e religiosa nos hospitais.

“É necessário avançar para uma regulamentação que permita aos ministros das diversas Igrejas e religiões poderem ter acesso à assistência espiritual e aos seus fiéis, em qualquer estabelecimento hospitalar público”.

D. Fernando Soares afirma que “neste momento há uma grande confusão”.

Os hospitais públicos têm receio e “uma preocupação de segurança compreensível” e não deixam entrar “qualquer pessoa ou ministro da religião no estabelecimento hospitalar”.

O Bispo da Igreja Lusitana explica que “esta situação acontece por vezes a sacerdotes católicos também”. De acordo com a administração do hospital “só o capelão pode entrar”.

Esta situação acarreta dificuldades no desenvolvimento das actividades a que se propõem realizar.

D. Fernando Soares afirma que as pessoas não percebem o fenómeno religioso. “Não se pode igualá-lo a qualquer outro fenómeno de natureza social”, admite.

A religião “tem especificidades que as administrações hospitalares e a própria comunicação social não compreendem”.

É por isso necessário haver uma regulamentação, “mesmo que mínima”, que permita às administrações hospitalares perceberem “que existem diferenças na apresentação do trabalho e de acompanhar os fiéis quando estão doentes”.

O Hospital de São João manifesta, “por efeito dos responsáveis da capelania”, uma abertura e “mostra pedagogia na diversidade e no atendimento”.

Este exemplo não se espalha por entidades hospitalares pela “falta de regulamentação”, indica do Bispo da Igreja Lusitana, acrescentando tratar-se de “um acto de boa vontade da capelania do Hospital de São João”.

É posteriormente necessário saber se é possível em outros hospitais a atitude de cooperação entre as Igrejas. D. Fernando Soares dá exemplos de casos em que o ecumenismo não caminha porque as outras Igrejas não estão interessadas e “é preciso dizê-lo também”.

Esta noite, mais um passo significativo se vai dar em direcção ao ecumenismo.

A celebração conta, normalmente, com uma grande adesão e com uma representação diversa: “Toda a comunidade hospitalar se faz presente nesta celebração".

Para além da Igreja Lusitana, estará presente a Igreja Anglicana, Igreja Metodista, Igreja Ortodoxa, Igreja Baptista, Igreja Evangélica Alemã, no Porto e a Igreja Católica.

D. Fernando Soares assume a celebração ecuménica como um “momento de exaltação do espírito de abertura, mostrando a diversidade, ao serviço da assistência que queremos que seja o mais aberta e una possível aos doentes”.

O momento central deste encontro será um ritual de lava-pés, em que os principais Bispos e Ministros presentes ajoelharão diante de doentes internados no Hospital de S. João e lhes lavarão os pés.

No início da Celebração, as várias Igrejas, farão entrega de livros de espiritualidade e outros das respectivas tradições para integrar a Biblioteca de Espiritualidade dos Doentes e a Biblioteca Humanidade(s) e Saúde para a formação de estudantes, profissionais e voluntários, serviços que a Capelania disponibiliza no Hospital.

Fonte: Agência Eclesia

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Eginoaldo

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