Genro sai da igreja para matar a sogra e depois retorna ao culto

SÃO PAULO - A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Jundiaí esclareceu ontem a tentativa de homicídio contra Eliane Santana da Rocha, 40 anos, na Praça do Fórum, na manhã do último domingo, dia 9.

O mandante do crime é mesmo o genro da vítima, Aelson de Jesus Barbosa, líder de produção de 26 anos. O motivo foi a herança que a mulher deixaria para a filha, uma casa avaliada em R$ 90 mil no bairro Cidade Jardim 2, na região do Jardim do Lago e mais R$ 15 mil de sua conta corrente. Ele se beneficiaria diretamente com a morte da sogra e queria eliminá-la a qualquer custo, porque Eliane estava apaixonada e pensava em se casar com o atual namorado, Silvino Maurec.

Ajuda do tio no crime

Aelson planejou tudo, segundo apuraram os investigadores Gava, Poli, Lilian e Albino. Primeiro ele combinou com o seu tio, Amilton Santos de Jesus, de 26 anos, a prática do crime.

Em troca, Aelson compraria uma passagem de volta para Ilhéus, na Bahia, para Amilton, já que o parente está desempregado.

No domingo, Aelson levou a mulher e os filhos para a Igreja Universal do Reino de Deus na avenida Dr. Cavalcante, conforme mostram as câmeras de monitoramento do local.

Durante o culto, ele viu a sogra saindo com o atual namorado e saiu atrás. Ele chamou Amilton para a execução do “serviço”.

Os dois passaram a “rodar” a cidade com o seu Vectra, à procura de Eliane. Foi na Praça do Fórum que eles encontraram o casal. Amilton usou um revólver e deu dois tiros na cabeça da vítima.

A mulher só não morreu graças à intervenção dos médicos do Hospital São Vicente, após socorro rápido da equipe do SAMU.

Eliane, apesar do socorro e das cirurgias, corre o risco de ficar paraplégica, porque um dos tiros acertou a região cervical.

Após a execução do crime, Aelson levou o tio Amilton de volta para Várzea Paulista e retornou ao culto da Universal, também como mostram as imagens das câmeras.

Herança ameaçada

Em depoimento dado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o delegado Rafael Antônio Casarin Penha, da DIG, Eliane relatou que havia sofrido uma tentativa de homicídio anteriormente, quando Aelson colocou veneno em seu bife. Ao ingerir a carne, sentiu um gosto estranho e jogou o alimento ao chão. Ela teria ameaçado denunciar Aelson à Polícia.

Depois disso, ela começou a suspeitar de que poderia morrer a qualquer momento.

O chefe dos investigadores da DIG, Bernardi, disse que após o depoimento da vítima, mesmo ela estando na UTI, a missão dos investigadores era descobrir quem foi o autor do disparo.

Em depoimento para a delegada Maristela de Lima Antônio e escrivão Nilson, Aelson “entregou” o tio, afirmando que o contratou para o serviço. Já Amilton negou tudo. Ele disse ter sofrido um “apagão” e não se lembra de nada do que ocorreu no domingo, porque estava drogado.

Namorado era uma ameaça

Aelson via o namorado da mãe de sua esposa Natasha, Silvino Maurec, como uma grande ameaça.

Caso o casamento entre Silvino e Eliane ocorresse, a casa da rua Isac Ferreira, 121, no bairro Cidade Jardim 2, na região do Jardim do Lago passaria a pertencer ao “estranho”.

Aelson disse ao repórter que se dava muito bem com Eliane, bem antes do casamento com a atual esposa. O relacionamento durou cerca de um ano.

Ele disse que a casa do Cidade Jardim está avaliada em R$ 80 mil, enquanto que Eliane disse ao delegado Rafael Casarin que ela custaria em torno de R$ 90 mil.

Apenas um item falta para encerrar as investigações na Polícia: o desaparecimento do revólver utilizado no crime. O tio de Aelson, Amilton, diz que nunca viu o revólver.

Fonte: Adiberj