Nos primeiros seis meses deste ano foram assaltados em Portugal 58 templos católicos: 32 igrejas paroquiais, 2 santuários e 24 capelas ou ermidas. Mais 17 roubos do que em igual período do ano passado.
Um aumento que não surpreende as autoridades policiais, mas que causou alguma perplexidade aos responsáveis da Igreja Católica.
Fonte do programa ‘Igreja Segura’ da Polícia Judiciária disse ao Correio da Manhã que "todos os assaltos registados deste ano em templos religiosos estão na linha do pequeno roubo, que tem por objectivo único o dinheiro e que, como se sabe, tem registado algum crescimento nos últimos meses".
Já o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, considera que "tem sido feito um grande trabalho ao nível da segurança dos templos e em tudo o que diz respeito à prevenção dos roubos, pelo que esse aumento acaba por ser um pouco surpreendente".
"Temos dado indicações aos padres e a outros responsáveis por templos religiosos para que todos os dias seja retirado o dinheiro das caixas de esmolas, de modo a que se perceba que o assalto não vale a pena. Por outro lado, temos impulsionado a instalação de sistemas de vigilância", disse o prelado, assegurando que, "mesmo que tenham subido em número, os assaltos não têm resultado no roubo de quantias significativas de dinheiro".
De resto, apesar do muito que tem sido feito nos últimos anos, em matéria de segurança das igrejas, cerca de um quarto dos quase 6500 templos católicos (igrejas, basílicas, santuários e catedrais) existentes em Portugal não tem qualquer sistema de segurança, alarme ou videovigilância, instalado.
Dos 58 assaltos a templos religiosos ocorridos entre Janeiro e Junho, 23 tiveram lugar no Norte, 15 no Centro, 9 na Grande Lisboa e 11 no Sul. Ao longo de todo o ano de 2008, as autoridades registaram 76 assaltos a lugares de culto.
INSTALAÇÃO DE ALARME CUSTA 300 A 500 EUROS
Não é por causa dos custos que cerca de 1500 igrejas portuguesas não têm qualquer sistema de segurança, já que a instalação de um alarme oscila entre os 300 e os 500 euros. O padre Luís Jácome, pároco de Caniçada, em Vieira do Minho, que tem alarmes na igreja, na residência paroquial e no centro social, disse ao CM que "nem a compra dos equipamentos nem a sua manutenção têm custos significativos".
Então porque é que nem todas as igrejas têm alarme? O arcebispo D. Jorge Ortiga diz que "o problema é que estas coisas, por vezes, são encaradas com alguma passividade". Para além disso, sublinha o prelado, "existe também a sensação de que pouco vale gastar dinheiro, já que os assaltantes conhecem bem as formas de desactivar os alarmes e até a videovigilância". No entanto, "toda a prevenção é importante."
"O PROBLEMA SÃO OS ESTRAGOS QUE PROVOCAM"
A igreja paroquial de Arnoso Santa Maria, em Famalicão, foi uma das que foram assaltadas este ano. Nada foi roubado, porque não existem caixas de esmolas, mas os custos da reparação de duas portas estroncadas e várias gavetas arrombadas foram superiores a 1500 euros. "O problema são os estragos que provocam, porque dinheiro não têm para levar", disse ao CM o pároco José Luís Matos, lembrando que "há mais de quatro anos foi decidido acabar com as caixas de esmolas na igreja". Na sacristia, havia cálices, píxides, patenas e outros objectos valiosos, mas, como diz o sacerdote, "só queriam dinheiro".
PORMENORES
VELAS ELÉCTRICAS
As velas eléctricas, que acendem através da introdução de moedas, cada vez mais em voga, são um dos alvos dos assaltantes de igrejas.
ARTE SACRA ESCAPA
Este ano ainda não se registou nenhum roubo de arte sacra em igrejas. A PJ considera que a sensibilização tem dado resultado.
PORTAS E JANELAS
Mais do que os alarmes, as autoridades dizem que os assaltos se evitam com a colocação de portas e janelas seguras.
Fonte: Correio da Manhã