Em 2001, ela compôs "Deus te quer sorrindo", que virou "Noites traiçoeiras".

“E ainda se vier, noites traiçoeiras
Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo
O mundo pode até
Fazer você chorar
Mas Deus te quer sorrindo”

Os versos conhecidíssimos que falam do amor e compaixão divinos são da piauiense Marinalva Santos. Isso é o que ela, cantora evangélica de 37 anos com mais de cem músicas compostas, e seu esposo - e empresário – pastor Francisco das Chagas Felipe, estão querendo provar. Em 2008, a música virou sucesso na voz do padre Marcelo Rossi, que afirmou não ter se apropriado da canção, mas comprado-a legalmente de uma pessoa que afirmava ser seu compositor original.
Foto: Carlos Lustosa Filho/CidadeVerde.com

Marinalva reclamou a “maternidade” da faixa durante o Jornal do Piauí desta quarta (23) e afirmou ter várias provas e testemunhas para provar a autoria. A cantora afirma que a música foi composta em 1999 em parceria com a também evangélica e compositora mineira Vânia Nunes especialmente para o aniversário de um grupo da Igreja Assembléia de Deus Missionária em Uberlândia, onde foi apresentada pela primeira vez. "Fizemos inspiradas em um salmo", revela. Quem primeiro gravou canção com o nome de “Deus te quer sorrindo” foi o cantor gospel acreano Marcelo Leite em 2001, devidamente autorizado pela piauiense. No mesmo ano foi a vez de Marinalva gravar a canção em no primeiro CD, intitulado “Por Amor”.

“Sempre viajei para vários congressos e sempre vendi meus CDs. Eles já foram parar em São Paulo, Mato Grosso, Bahia”, conta a cantora que diz ter vendido mais de cem cópias do seu primeiro disco. Entretanto, um dos maiores divulgadores da música em território nacional, foi mesmo o padre católico Marcelo Rossi. O religioso gravou a faixa rebatizada de “Noites Traiçoeiras” em 2008 no disco “Paz Sim, Violência Não – ao vivo volume 1” com a participação do cantor de pagode Belo.
Foto: Yala Sena/CidadeVerde.com
Pastor Felipe e sua esposa,Marinalva, que diz ser a verdadeira autora de "Noites Traiçoeiras"
“Quando escutei pela primeira vez (a versão de Rossi), pensei ‘Meu Deus, como a música chegou até esse homem?’ Mas nem me importei. Outro dia falei com Vânia e ela me disse ‘está vendo irmã, aonde nossa música chegou?’”, conta Marinalva. Ela afirma que não vê problema algum em ter sua canção gravada por qualquer pessoa que use-a para louvar a Deus. “Mas fiquei muito triste, chateada, não sei nem com dizer, quando vi minha música no carnaval. Vi até mesmo bêbados cantando na rua ‘Deus está aqui neste momento’”.
Capa e contracapa do primeiro disco de Marinalva Santos, lançado em 2001
Pastor Felipe afirma que a grande questão não é a luta por direitos autorais, mas o reconhecimento de Marinalva como autora da música. “Não nos importamos que o padre cante. Mas queremos que ele coloque quem é a verdadeira compositora em seus discos”, descreve, afirmando que não irá lutar pelo lucro originado pelas vendas que os discos já vendidos por Marcelo Rossi.
Os nomes nos quais a música foi registrada, segundo Marinalva são os do padre Marcelo Rossi, padre Reginaldo Manzotti e Simone Telesforo.

Cruz
Entretanto, Marinalva afirmou ao CidadeVerde.com que quando tiver sua autoria comprovada – seu primeiro disco e pessoas ligadas ao processo de gravação deste são suficientes, acredita – pretende proibir que bandas de forró e axé toquem “Noites Traiçoeiras”. “Se puder proibir, eu faço. Sei que é difícil controlar, porque são muitos casos, mas estou disposta a entrar na Justiça”, pontua, acrescentando que o nome da faixa pode ficar o mesmo consagrado por Rossi.

Vivo
Após divulgar seu telefone durante a entrevista ao Jornal do Piauí, o celular do pastor Felipe não parou de tocar. Era o próprio Marcelo Rossi que queria entrar em contato. O padre afirmou que não se apossou da canção, mas comprou legalmente, deixando sua assessoria à disposição dos piauienses, sem, entretanto, revelar com quem teria feito a negociação. Marinalva e o pastor Felipe afirmaram que vão a São Paulo no próximo dia 5 de outubro para decidir a questão com Marcelo Rossi. O padre entretanto, afirmou por meio de sua assessoria que o impasse deve ser resolvido com sua gravadora, a SonyBMG.

Fonte: Manchetes
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Eginoaldo

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