Matar gente para alimentar veículos nunca me pareceu um ato sensato ou cristão. Explorar a fragilidade da pobreza sertaneja também não. À medida que o Projeto de Assistência às Famílias de Cortadores de Cana (PAFCC), da ACEV Social, se aprofunda nesta realidade nós nos revoltamos com o sofrimento do povo. Pr. Francinaldo (ACEV Manaíra) é o coordenador do Projeto e Marah Danielle (ACEV Patos) é a assistente social.

“Presidente Lula – isto não pode estar certo! Sra. Cristina Aparecida de Lima (Manaíra – PB) tem 26 anos e 5 filhos pequenos mas ela foi abandonado pelo marido que foi atras de dinheiro no corte de cana. 2 crianças, incluinda a menor, estão com diarréia intensa há 05 dias e não tinha médico disponível. O bebê de 7 meses já apresentava sintomas de desidratação aguda. A nossa equipe forneceu soro para hidratação oral, orientou a mãe sobre higiene e saúde básica, e conseguiu um médico para examinar as crianças no dia seguinte.”

Mãe revoltada: “A falta do necessário, que é o alimento, é a maior dificuldade e também cuidar sozinha das crianças é muito difícil. Se não fosse o projeto da Ação Evangélica eu não sei o que seria de mim”. (Sra. Cristina Aparecida de Lima – foto acima).

Mais uma reunião do Projeto de Apoio às famílias de Cortadores de Cana: “acaba de ser realizada com 51 pessoas, sendo 25 mulheres, 22 crianças, 3 adolescentes e 1 homem. Pr. Francinaldo iniciou a reunião realizando a leitura bíblica em Êxodo 12, relatando o verdadeiro significado da Páscoa e enfatizando a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Realizamos a entrega de receitas práticas sobre alimentação alternativa, ressaltando a importância do aproveitamento de alimentos ricos em proteínas e vitaminas, de forma fácil e baixo custo. Seguindo a pauta da reunião retomamos o tema sobre direitos trabalhistas, realizamos uma palestra participativa, discutindo temas sobre as condições de trabalho e moradia dos cortadores de cana, retratando as doenças e morte nos canaviais. Os principais pontos debatidos foram: remuneração e salários precários (em algumas usinas), transporte inadequado e falta de segurança, exploração e jornada intensa de trabalho, alojamentos superlotado e com péssimas condições, uso inadequado do equipamento de proteção individual (EPIs), falta de maior fiscalização do Ministério de Trabalho e Emprego”. (Assistente Social, Marah)

“Meu marido hoje está aleijado: em cima de uma cama. O médico já deu o atestado com o tipo de cadeira de rodas que ele vai usar. Ele tem dois dedos de desvio na coluna, sente muita dor, nos fomos no INSS, levamo tudo, atestado e documentos, mas foi negado duas vezes. Dizem que ele não tem direito! E agora não pode mais trabalhar e nem fazer nada”. (Josefa Bezerra Dias, esposa do ex-cortador de cana, agora aleijado, que caminha duas horas e meia para assistir as reuniões do PAFCC e receber sua cesta de alimentos para a sobrevivência da sua família)

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Eginoaldo

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