De acordo com a história relatada ao delegado Reginaldo César, sábado passado, a tia da criança, Simone Nascimento, foi quem conseguiu recuperar o sobrinho no momento em que o casal aguardava um ônibus para deixar a cidade de Juazeiro, a 500 km de Salvador. Inicialmente, o pai contou à polícia que não havia vendido o filho. “Um parente me disse que tinha uns crentes querendo adotar uma criança e como nós não temos condições de criar, pensamos em dar”, disse, mas, em outro momento, assumiu que recebeu uma TV, um DVD e R$ 50 pela troca. Depois da denúncia ninguém mais soube dizer qual o paradeiro do casal que adotaria a criança.

Além do menino de nove meses, o jovem, que mora com uma adolescente de 17, tem ainda uma menina de um ano e sete meses.

A conselheira tutelar Silvanir Alves de Oliveira disse que, depois que a denúncia chegou por meio da imprensa, as crianças foram recolhidas à Casa de Passagem Rosa Menina, “onde devem ficar até que sejam entregues a alguém da família sob termo de responsabilidade e que a Justiça defina o destino das duas”. Ela afirmou que hoje deve procurar a Ministério Público para ver quais os caminhos a serem tomados. “Sabemos que o casal tem um histórico que desfavorece manter a guarda das crianças, sendo, inclusive, usuários de drogas”.

Na Delegacia de Polícia Civil de Juazeiro nada ficou registrado, mas o delegado confirma que colheu a versão da venda da criança do próprio pai.

Futuro melhor – Já a avó materna das crianças, Carmelita da Silva Pereira, assegura que o neto não seria vendido. “Minha filha não tem condições de criar os filhos. A mais velha vive comigo e o pastor da Igreja disse que tinha um casal querendo adotar uma criança. Acho que todo mundo quer o melhor para os filhos e os netos. E foi nisso que a gente pensou, em dar uma vida melhor a ele”, conta Carmelita.

Uma televisão, um aparelho de DVD e R$ 50. Este foi o pagamento que o jovem Jeanderson do Nascimento Barros, 18 anos, diz ter recebido pelo filho de nove meses, entregue a um casal de evangélicos do Rio de Janeiro, Antônio Marcos e Elisabeth Sampaio.

Segundo ela, a filha sofre maus tratos, tendo sido agredida pelo marido na semana passada e lembra que “se ela fosse vender o filho não teria ido procurar o Conselho Tutelar e o Ministério Público para ajudar na adoção”.

Emocionada, a avó que cria a neta mais velha, chorou dizendo-se vítima de calúnias por parte da família do genro, que teria dito ao Conselho Tutelar que ela era alcóolatra.

Vivendo numa casa no acampamento de moradores sem-teto, no Jardim Pagua Bela, no bairro do Quidé, ela diz que não tem trabalho e recebe também mensalmente R$ 112 dos programas do governo federal. Mostrou também a despensa cheia de comida e assegurou que “apesar de ser pobre, não falta comida e meus netos não são maltratados como estão dizendo”. O Conselho Tutelar vai encaminhar o caso nesta terça ao promotor da Infância e Juventude, Pedro Araújo. O casal não foi encontrado pela Reportagem, no bairro de Malhada da Areia, onde mora.

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Eginoaldo

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