BAHIA - Varela abre mão de disputar a prefeitura por falta de ‘musculatura’ e anuncia apoio ao democrata.

Faltando menos de um mês para as convenções, o pré-candidato do Democratas à prefeitura de Salvador, deputado federal ACM Neto, recebeu ontem dois apoios de peso no cenário político local: o do PR e o do PRB, que integram a base de sustentação do governo federal. O primeiro indicou o vice na chapa encabeçada pelo democrata, que será o bispo Márcio Marinho, primeiro suplente de deputado federal e líder político da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). O segundo, que é o braço político da Iurd, tem em seus quadros o radialista Raimundo Varela, que abriu mão da pré-candidatura para declarar que está com ACM Neto. A chapa democrata, composta por oito partidos, será oficializada na convenção marcada para o dia 27 de junho, no Cais Dourado, no Comércio.

Os apoios foram anunciados pela manhã em evento realizado no Fiesta Convention Center, no Itaigara, que contou ainda com a presença dos senadores César Borges (PR) e Antonio Carlos Júnior (DEM), dos presidentes estadual e municipal do PRB, Valdir Trindade e Sildevan Nóbrega, representantes do PTdoB, do PRP, do PSDC, do PTN e do PTC – além de familiares do deputado, como a esposa Lídia Magalhães, a mãe Rosário Magalhães e o primo Luis Eduardo Magalhães Filho.

A aliança, costurada em sigilo há alguns dias e que foi fechada no último domingo, fortaleceu a pré-candidatura de ACM Neto, em função do apoio da Iurd e de Varela, que liderava as pesquisas e cujos votos serão agora disputados numa campanha acirrada. A manobra também tirou do PT dois possíveis aliados no momento em que o PR negociava uma secretaria com o governo Jaques Wagner, principal incentivador da pré-candidatura petista do deputado Walter Pinheiro. Com os novos apoios, o democrata já conta com oito partidos ao seu lado (DEM, PR, PRB, PTdoB, PRB, PSDC, PTN e PTC) e cerca de cinco minutos de tempo de televisão.

Interlocução - ACM Neto disse esperar que os novos apoios possam favorecer uma interlocução com os governos federal e estadual, caso ele vença a eleição, expectativa também manifestada pelo senador César Borges. O deputado disse que vai agendar, assim que for eleito, uma conversa com o presidente Lula e com o governador Jaques Wagner, ambos do PT. “Espero contar com a força e a inteligência política desses dois partidos para trazer recursos para Salvador, porque projeto nós teremos”, salientou.

O deputado classificou os apoios do PR e do PRB, que tem como presidente de honra o vice-presidente da República, José Alencar – o que foi destacado por ACM Neto –, como “extraordinários” e “plurais”. Ele prometeu a Varela que, caso seja eleito, vai governar para privilegiar os mais pobres, que são os que mais sofrem com o aumento da violência e o caos em setores como saúde e transporte público. O radialista, que apresenta diariamente o programa Balanço Geral, da TV Itapoan, tem grande popularidade nos bairros periféricos da cidade.

ACM Neto disse que não apelou para a amizade com César Borges para obter o apoio do PR. “Muito pelo contrário, eu sempre entendi o papel de César Borges como presidente do PR e como senador da República”. O deputado também afirmou que convidou o deputado federal Luiz Carreira (DEM) para ser o coordenador geral de sua campanha à prefeitura. Carreira, que já vinha trabalhando na pré-campanha democrata, aceitou o convite e vai se licenciar do mandato na Câmara. Com isso, assumirá a vaga o suplente Márcio Marinho (PR).

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Radialista afirma que aliança é ‘indissolúvel’

O radialista Raimundo Varela (PRB) justificou ontem por que decidiu abrir mão da disputa pela prefeitura de Salvador, mesmo liderando as pesquisas, para apoiar a pré-candidatura do deputado ACM Neto (DEM). “Me faltava musculatura política. Hoje em dia, não se chega ao Executivo no Brasil sem o apoio de um grupo político”, disse. Varela lembrou ainda que não teria tempo de televisão apenas no PRB, e que não era nenhum Enéas Carneiro, falecido deputado federal que com apenas alguns segundos de tempo de TV disputou a Presidência com o famoso bordão “Meu nome é Enéas”.

“Chegamos à conclusão de que o projeto do PRB está perfeitamente casado com o de ACM Neto. E este casamento é indissolúvel”, assegurou o radialista. Varela afirmou que não houve “desistência” da sua parte, mas sim “consciência”. O apresentador afirmou ainda que a maioria dos soteropolitanos queria que ele permanecesse no comando do programa Balanço Geral, da TV Itapoan, o que continuará a fazer.

Varela também lembrou da amizade com o senador Antonio Carlos Magalhães e com Luis Eduardo Magalhães. Também fez uma saudação especial ao senador Antonio Carlos Júnior e ao bispo Márcio Marinho, que será o vice na chapa encabeçada por ACM Neto. “Não conheço homem público como bispo Márcio Marinho. Ele pensa no povo 24 horas por dia”, enfatizou.

Indissolúvel – Antes de fechar com o democrata, Varela chegou a negociar com o pré-candidato do PSDB à prefeitura, Antonio Imbassahy. O tucano queria que o radialista fosse seu vice, mas as articulações não se concretizaram. Ontem, Varela disse que não houve acordo com o tucano porque Imbassahy não aceitou ser seu vice. O radialista confirmou ainda que, assim como o PRB, “namorou” com todos os partidos, mas o “casamento”, ao qual classificou como “indissolúvel”, aconteceu mesmo com o Democratas.

Esta é a segunda vez que Varela abre mão de disputar a prefeitura de Salvador estando bem colocado nas pesquisas. A primeira foi em 2004, quando a desistência do comunicador favoreceu o atual prefeito, João Henrique Carneiro (PMDB). Naquela época, Varela estava no PTC. Como pré-candidato, o principal articulador do radialista na atual pré-campanha era o bispo Márcio Marinho que, ao aceitar o convite do PR para ser o vice de ACM Neto, contribuiu para o apoio de Varela ao deputado.


César Borges costurou acordo com DEM

Até o anúncio da aliança DEM-PR-PRB, o bispo Márcio Marinho (PR) era um dos nomes mais cobiçados para vice pelos demais pré-candidatos, por ter peso político em Salvador, ser evangélico (líder da Igreja Universal do Reino de Deus) e negro. Marinho costumava dizer que só aceitaria ser vice do radialista Raimundo Varela (PRB). Mas, com a decisão de Varela de retirar sua pré-candidatura, amadurecida nos últimos dias, o bispo decidiu aceitar o convite do PR para formar a chapa com o deputado ACM Neto (DEM).

“Temos uma chapa forte o suficiente para vencer as eleições. Tenho certeza que vamos ter o apoio dos evangélicos e da comunidade negra”, disse Márcio Marinho, que teve quase 50 mil votos em Salvador nas últimas eleições proporcionais para a Câmara Federal. O bispo afirmou ainda não temer o uso das máquinas municipal e estadual para favorecer candidatos adversários.

“Vai ser uma guerra (a eleição). Eles têm a máquina do município e do estado, mas nós temos os guerreiros”, declarou Marinho. Ele ainda citou a Bíblia para dizer que “os nossos homens valem por milhões”. “Formamos uma chapa jovem, mas com muita responsabilidade e vontade de levantar esta cidade, que está abandonada, com a auto-estima em baixa. Vou andar pelas ruas ao lado de ACM Neto para mostrar à população nossa disposição de mudar, de fazer diferente”.

Márcio Marinho destacou a “humildade” de Raimundo Varela (PRB) que, apesar de liderar as pesquisas, abriu mão da pré-candidatura para apoiar ACM Neto. “Varela deixou de lado a vaidade e os interesses pessoais entendendo que lhe faltava musculatura política, entendendo que Salvador precisava eleger alguém que tivesse o mesmo espírito público. Este alguém é ACM Neto”, afirmou.

Razão - O senador César Borges, que foi fundamental na construção da chapa, disse que, antes de fechar com o Democratas, conversou com todos os partidos. Ele afirmou que a escolha foi com base na razão, e não no coração, pois é amigo pessoal de ACM Neto. “Vejo Salvador passando por momentos difíceis, por crises. Nossa aliança não é para derrotar ninguém, mas sim para apresentar uma proposta que possa mudar este quadro”, declarou.

O ex-governador Paulo Souto (DEM) disse que a aliança não foi construída para derrotar ninguém e nem com objetivos fisiológicos, mas sim para construir um “plano de recuperação de Salvador”.


Adversários precavidos

A confirmação da chapa encabeçada pelo deputado federal ACM Neto (DEM) e do bispo Márcio Marinho (PR) surpreendeu os outros pré-candidatos. Segundo fontes do PSDB, o clima dentro do partido era de apreensão, apesar da tentativa de mostrar para a opinião pública que estava “tudo bem”. Por meio de sua assessoria, o pré-candidato Antonio Imbassahy disse que não iria comentar a formação de chapa. O tucano escolheu como vice o ex-vereador Miguel Kertzman, do PPS.

Já o integrante da executiva estadual da sigla, vereador Jorge Jambeiro, disse que os tucanos estavam “esbanjando otimismo”, diante “da confirmação do candidato que iria com ele para o segundo turno”. Segundo análise do vereador, com a retirada do nome do apresentador Raimundo Varela (PRB) do páreo, o quadro ficou definido. “Apostamos que o segundo turno agora será entre o DEM e o PSDB, melhor posicionados em todas as pesquisas de intenção de votos. Até porque o PT e o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) não vão ultrapassar a marca dos 10%”. O integrante da executiva tucana disse ainda “ter a certeza que o PT vai apoiar o ex-prefeito Imbassahy em um eventual segundo turno”.

Análise - O coordenador do programa de governo do prefeito João Henrique e pré-candidato a vice na chapa peemedebista, Edvaldo Brito (PTB), disse que a definição antecipada dá mais base para os partidos e para a própria população discutir os problemas da cidade. “O pluralismo se torna útil para o eleitor, na medida em que pode ele visualizar bem o cenário apresentado. Entendo que o eleitorado de Salvador vai demonstrar sua preferência em razão das idéias que cada coligação vai apresentar”.

Na chamada frente das esquerdas, o clima que impera é o da indefinição. Às vésperas do período determinado pela legislação eleitoral para realização das convenções e confirmação das candidaturas, PT, PSB, PCdoB e PV ainda não definiram o futuro de uma possível aliança. Mesmo após intensas rodadas de negociação, nenhum desfecho para o imbróglio foi anunciado publicamente. De acordo com a pré-candidata do PSB, deputada Lídice da Mata, os partidos estão em processo de diálogo e um acordo pode ser divulgado até o fim desta semana. Por enquanto, o pré-candidato do PT, Walter Pinheiro,insiste em ser o “cabeça de chapa” da chamada frente de esquerda.


Empate entre Marta e Alckmin

SÃO PAULO - Num momento em que 48% dos eleitores admitem ter pouco ou nenhum interesse pelas eleições de outubro, o Ibope revelou ontem que a petista Marta Suplicy e o tucano Geraldo Alckmin continuam tecnicamente empatados – Marta com 30% das intenções de voto e Alckmin com 28%. O prefeito Gilberto Kassab, do DEM, obteve 13%.

Esse cenário inclui a candidatura do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que aparece com 9%. Se Maluf não concorrer, cada um dos três primeiros sobe dois pontos – os números passam a ser 32%, 30% e 15%. Na pesquisa espontânea, Marta lidera com 13% e Kassab vem em segundo com 10%, ficando Alckmin com 9% – um quadro também já detectado em pesquisas anteriores. “Acredito que isso ocorre porque muita gente ainda não sabe que Alckmin é candidato”, diz Hélio Gastaldi, do Ibope.

Os novos números foram anunciados pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo, que encomendou a pesquisa. O Ibope ouviu 602 pessoas, entre os dias 27 e 29 de maio, e a margem de erro é de quatro pontos porcentuais. A pesquisa foi registrada pelo Ibope na 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, sob o protocolo 00800108-SPPE.

Fonte: Correio da Bahia
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Eginoaldo

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