O senador Marcelo Crivella (PRB) negou qualquer irregularidade nas obras do projeto Cimento Social, no morro da Providência (centro do Rio).

Menos de duas horas antes do prazo limite, o senador apresentou no início da noite desta quinta-feira esclarecimentos que haviam sido solicitados pela Justiça Eleitoral sobre panfletos do projeto. Os folhetos trazem a foto do senador sobre uma montagem de como ficaria o morro ao término do projeto, de reforma e obras de fachadas em 782 casas.

Também nesta quinta-feira, Crivella foi notificado da abertura de procedimento para investigar outro suposto crime eleitoral do senador por causa da publicação de um informe publicitário da revista "Roteiros do Poder" que vincula do nome do senador a obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Crivella não quis comentar sobre os panfletos e sobre a defesa que apresentou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Disse apenas lamentar a decisão da Justiça de embargar as obras, sob a alegação de caráter eleitoral no projeto, feita na manhã de ontem (25). Já na noite de ontem, contudo, a Justiça Eleitoral permitiu que moradores retomassem as obras em caráter de mutirão.

"Lamentei profundamente, como cidadão e senador, que as obras tenham sido interrompidas antes que esses esclarecimentos [do senador] tenham sido prestados. Estou prestando esses esclarecimentos agora e espero que o juiz reveja a decisão, tendo em vista a grande importância dessa obra social para o povo da comunidade", declarou Crivella.

O projeto Cimento Social foi apresentado por Crivella no Senado mas, antes de ser votado, foi encampado por convênio entre os ministérios das Cidades e da Defesa. As obras no morro da Providência começaram em dezembro de 2007, mas o convênio do governo federal só foi assinado em janeiro deste ano. O juiz do TRE do Rio Fábio Uchôa afirmou ser ilegal o governo federal favorecer projetos de pré-candidatos e ainda assinar convênios do tipo em ano eleitoral, caso do Cimento Social.

Crise

O Exército foi incumbido de ocupar o morro para fazer a segurança do projeto, mas saiu essa semana por ordem da Justiça depois de uma crise aberta com o assassinato, no último dia 15 de três jovens da Providência que foram entregues por militares a traficantes do morro da Mineira (centro do Rio).

Os jovens haviam sido detidos no alto do morro pelos militares e levados ao quartel próximo à Providência. O capitão Leandro Ferrari, que comandava o quartel no momento, ordenou que os rapazes fossem libertados, mas o tenente Vinícius Ghidetti, que havia levado os jovens ao quartel, desobedeceu a ordem e, com outros dez militares, entregou aos traficantes da Mineira os rapazes, que apareceram mortos no dia seguinte em um aterro sanitário.

Os 11 militares foram presos no dia seguinte e, segundo a polícia, confessaram o crime. O caso abriu uma crise na presença do Exército na comunidade. Na semana passada, a Justiça Federal determinou a retirada dos militares do morro. O governo federal recorreu e conseguiu que a Justiça mantivesse as tropas, mas somente na rua onde as obras são feitas. Na terça-feira (24), porém, a Justiça Eleitoral determinou a paralisação das obras, alegando caráter eleitoral no projeto, e, com isso, o ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou que o Exército também deixaria totalmente o morro.

Traficantes do morro da Mineira suspeitos de terem matado os três jovens ainda não foram presos. Os 11 militares foram indiciados por triplo homicídio com três agravantes-motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas e tiveram a prisão preventiva decretada.

Fonte: Folha Online

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Eginoaldo

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