Quando Phyllis Lyon, 84, e Del Martin, 87, se apaixonaram, era um tempo em que lésbicas dos EUA corriam o risco de serem demitidas, presas, e até submetidas a tratamento de eletrochoque.
Nesta segunda-feira, mais de meio século depois de terem se tornado um casal, Lyon e Martin devem se tornar o primeiro casal gay amparado por lei a trocar votos matrimoniais na Califórnia.
A união será possível graças a uma decisão da Suprema Corte de Justiça do Estado, que regulariza os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Apesar do avanço, Washington ainda não reconhece os direitos homossexuais e, por isso, os gays não poderão receber benefícios sociais do governo federal.
Gavin Newson, prefeito de San Francisco, deve oficializar a cerimônia em seu gabinete diante de 50 convidados. Ele escolheu Martin, 87, e Lyon, 84, ao reconhecer o longo relacionamento e o status de pioneiras no movimento de direitos homossexuais do casal.
Com outras seis mulheres, elas fundaram uma associação para lésbicas em 1955. Sob o comando delas, o clube se tornou uma das primeiras organizações de defesa para lésbicas.
Mas, na verdade, a cerimônia desta segunda-feira será um segundo casamento para Martin e Lyon.
Em fevereiro de 2004, o então novo prefeito de San Francisco decidiu desafiar as leis matrimoniais da Califórnia e concedeu licenças de casamento para casais do mesmo sexo.
Seus conselheiros e os ativistas dos direitos dos homossexuais não tiveram dúvidas por qual casal ele deveria começar: Martin e Lyon.
O casal, então, resolveu comemorar seus 51 anos de união no Dia dos Namorados (dia de São Valentim, comemorado em fevereiro no hemisfério Norte). Devido ao trabalho delas na associação que fundaram, elas se tornaram ícones na comunidade gay.
"Há quatro anos, quando elas concordaram em se casar, fizeram isso tanto para apoiar o prefeito, quanto para defender a idéia de que os homossexuais têm relacionamentos sérios que devem ser respeitados", disse Kate Kendell, uma amiga do casal e diretora-executiva do National Center for Lesbian Rights.
Cerimônia secreta
Lyon e Martin se divertem ao lembrar do casamento rápido e secreto de 2004. Elas disseram "sim" no cartório diante de um pequeno grupo de autoridades locais e amigos, e saíram pela porta dos fundos do prédio. Não houve buquês de flores ou garrafas de champanhe.
Depois da cerimônia, as duas foram almoçar em um restaurante. "É claro que ninguém ali sabia, então pudemos ser nós mesmas", disse Martin, a mais introvertida das duas.
"Depois voltamos para casa e vimos TV", completa Lyon.
Mas a privacidade do casal teve vida curta. A foto do casamento, em que o casal aparece abraçado, com as testas encostadas, chamou a atenção do mundo.
Lyon e Martin vivem na casa que compraram em 1956, em San Francismo, mas não podem sair muito porque Martin precisa de uma cadeira de rodas para se movimentar.
Apesar de elas terem a intenção de receber os cumprimentos dos noivos depois da cerimônia, elas farão uma recepção apenas para amigos e família.
"É bonitinho, porque elas parecem animadas e um pouco nervosas", afirma Kendell. "É o clássico sentimento de alguém que vê o dia do casamento se aproximar".
Fonte: Folha Online
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Depois de 50 anos, casal de lésbicas se casará na Califórnia
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