Milhares de pessoas se manifestaram nesta sexta-feira em Cartum para exigir a morte de uma professora britânica acusada de ofender a religião e condenada a 15 dias de prisão por ter permitido que um de seus alunos desse o nome de Maomé a um ursinho de pelúcia.

Os manifestantes, que se congregaram em várias mesquitas da cidade, pediam aos gritos que se "castigue com balas aqueles que insultam o Profeta" e denunciaram o veredito do tribunal por considerar que foi muito clemente.

As pessoas agitavam espadas e facas e pediam a execução da professora. Acompanhada de perto por forças policiais, a multidão passou em frente ao Unity High School, o estabelecimento em que a acusada trabalha e que foi protegido por um cordão de segurança.

Em seguida, foram para a chancelaria britânica, mas a polícia os proibiu de se aproximarem.

A manifestação foi convocada pelo Comitê dos Ulemás do Sudão e a associação religiosa Os Partidários do Profeta.

Um dos imãs que conduziu a tradicional oração das sextas-feiras, o xeque Hussein Mubarak, denunciou na mesquita Al Safa "as pessoas que pretendem defender a democracia e os direitos humanos que insultam o Profeta".

"Eles querem cristianizar o Sudão muçulmano", acusou, afirmando que a professora britânica se encontra nesse país com esse propósito.

O porta-voz da embaixada britânica em Cartum não quis informar sobre o local da detenção de Gibbons, mas disse que ela está com o moral elevado, apesar de tudo.

A professora britânica julgada por blasfemar contra o Islã foi condenada na quinta-feira por um tribunal de Cartum a 15 dias de prisão e a ser expulsa do país.

A professora havia sido detida no Sudão por ter permitido a seus alunos, de entre 6 e 7 anos de idade, darem o nome de Maomé a um ursinho de pelúcia. Foi acusada de blasfêmia contra a religião e incitação ao ódio racial.

Gillian Gibbons "foi condenada a 15 dias de prisão a partir do dia da detenção (domingo) e logo será expulsa do país", declarou à imprensa seu advogado Kamal Jazuli, ao final de sete horas de audiência.

A acusada afirmou no tribunal que agiu de boa fé porque "se tivesse querido ofender o Islã, teria feito isso na Grã-Bretanha".

"Se for considerado que cometi uma falta, peço desculpas a todos os sudaneses", afirmou.

A mulher deixou discretamente o tribunal de Cartum, em meio à satisfação demonstrada por seu advogado com a sentença. Ele afirmou que não vai recorrer do veredicto.

O artigo 125 do código penal sudanês invocado no veredicto prevê um máximo de seis anos de prisão, 40 chibatadas e o pagamento de multa para estes casos.

Gillian Gibbons, de 54 anos, havia sido detida no domingo, depois das denúncias apresentadas por pais de alunos contra ela.

Segundo a embaixada britânica, a professora nunca teve a intenção de ofender, ao chamar ursinho desta forma.

A 'sharia' ou lei islâmica é rigorosamente aplicada no norte do Sudão, onde o Islã é religião majoritária.

Gibbons, que tem dois filhos, foi para o Sudão em julho passado, depois do fim de um casamento de 32 anos com Peter Gibbons, que é também professor.

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Eginoaldo

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