Gilberto de Carvalho, chefe de gabinete de Lula - Arquivo/O Globo

SÃO PAULO - Desde que tirou férias há 15 dias para reforçar a campanha de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo, o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, tem atuado como bombeiro da fogueira de vaidades em que se transformou o PT paulista durante a campanha eleitoral. Além disso, Carvalho, que iniciou a vida política nas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja, articulou um manifesto de católicos em favor de Marta, desaprovado pela cúpula da Igreja em São Paulo. Carvalho também ajudou a aproximar a petista de evangélicos. Veja fotos das campanhas de São Paulo e do Rio .

" Vim porque houve um pedido da coordenação para ajudar junto às igrejas "
- Vim porque houve um pedido da coordenação para ajudar junto às igrejas. Além disso, tenho conversado com deputados e senadores do PT para mantermos a união do partido na reta final - diz ele.

A atuação de Carvalho junto a católicos e evangélicos das igrejas Universal do Reino de Deus e Assembléia de Deus já rendeu frutos. O principal foi a divulgação do "Manifesto de Católicos pela Justiça", da ala mais progressista, em apoio à candidata. O manifesto, contudo, foi reprovado pelo bispo auxiliar de São Paulo, dom Pedro Luiz Stringhini. No site da CNBB, o bispo diz que "a Igreja não aprova a participação de padres em apoio a um manifesto de caráter político, partidário, eleitoral".

Defensora de teses como o direito ao aborto, além da união civil entre pessoas do mesmo sexo, Marta foi rejeitada por setores da Igreja que aderiram à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno.

- Foi armada uma grande intriga de religiosos contra a Marta. Fiquei impressionado com a eficácia da difusão de calúnias contra ela no meio católico - disse Carvalho.

A reação da Igreja conservadora é tão forte que o manifesto foi divulgado em 500 mil exemplares sem a assinatura de seus autores para evitar retaliações.

" Foi armada uma grande intriga de religiosos contra a Marta. Fiquei impressionado com a eficácia da difusão de calúnias contra ela no meio católico "
Com a ajuda de Carvalho, Marta fez um aceno aos evangélicos ao aceitar flexibilizar a lei Cidade Limpa para excluir proibições quanto aos templos religiosos, caso seja eleita. O trabalho mais árduo de Carvalho em São Paulo, no entanto, tem sido o de bombeiro das disputas internas do partido na cidade.

Por um lado, ele precisa driblar as resistências do grupo de Marta a outros setores do partido, como o liderado pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). O coordenador-geral da campanha de Marta, Carlos Zaratini, nega os atritos:

- O Gilberto veio ajudar. Pedimos o apoio dele. Além de ajudar junto aos setores religiosos, onde ele tem relações muito boas com católicos e evangélicos, ele faz a ponte com movimentos populares. O partido está unido e funcionando com uma tranquilidade muito grande.

Marta diz que Kassab 'mente' sobre inauguração de CEU

Em visita ao terreno onde deve ser construído o CEU (Centro de Educação Unificado) da Vila Formosa, na tarde desta terça-feira, Marta questionou o caráter de seu adversário, o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Segundo Marta, Kassab "mente" ao dizer que a obra ficará pronta até fevereiro e tentou enganar a imprensa ao fazer uma apresentação do projeto em um escritório.

- Como diz o prefeito, o que importa em uma pessoa é o caráter. O que importa em um prefeito de uma cidade do porte de São Paulo é dizer a verdade. Na segunda-feira, provamos definitivamente a personalidade e o caráter de uma pessoa que responde a um desafio público com uma enganação em um escritório fechado - disse Marta.

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Há duas semanas a campanha de Marta levantou o caso do CEU Vila Formosa, que deveria estar pronto desde 2005 mas até hoje não tem uma parede sequer erguida.

Marta é impedida de entrar na obra

No debate da TV Record, domingo, Kassab desafiou Marta a uma visita à obra, para provar que o CEU será entregue em janeiro. Em vez de ir ao terreno, Kassab fez uma apresentação do projeto em um escritório.

Como resposta, Marta foi ao local acompanhada da imprensa. Candidata e jornalistas foram impedidos de entrar na obra, cercada por tapumes. Pelo que se pode ver do lado de fora, a construção está apenas no início. Uma retroescavadeira remexeu a terra e alguns operários transitam pelo terreno.

Segundo trabalhadores, um grupo de operários e vigias foi levado às pressas para o terreno na semana passada, depois da denúncia de Marta. Até então não havia vigias no terreno.

- Ele (Kassab) falou mentira, ele falou uma inverdade ao dizer que este CEU será entregue em quatro meses. Ele poderia ter pedido desculpas. Eu teria aceitado e a população provavelmente teria aceito. O que não podemos aceitar é ele fazer uma programação fajuta para a imprensa - disse ela.

Kassab prometeu 25 CEUs e entregou 14

A candidata chegou a chorar quando conversou com os operários, alguns com bandeiras do PT nas mãos.

- Vocês são do povo. Foi para vocês que eu fiz isso - disse a ex-ministra do Turismo.

Ao lado do terreno uma placa indica a data do contrato (2004, quando Marta era prefeita), valor (R$ 20 milhões) e "prazo de execução" (240 dias).

Se o cronograma fosse obedecido, o CEU estaria pronto desde 2005. Kassab prometeu fazer 25 CEUs em dois anos de governo mas até agora entregou apenas 14. Segundo ele, os demais serão entregues até o início do ano que vem.

Em resposta às acusações de Marta, a prefeitura respondeu que embora tenha sido licitada, a obra tinha problemas com desapropriações e legislação ambiental.

De acordo com a prefeitura, a licença ambiental só foi concedida no dia 30 de junho e o prazo de 240 dias conta a partir da autorização.

Fonte: O Globo

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Eginoaldo

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