Uma reportagem publicada nesta sexta-feira no jornal argentino Clarín afirma que um projeto de legalizar na prática o aborto no Brasil está deixando bispos "em pé de guerra" contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) decidiu lançar "uma forte ofensiva contrária não apenas ao aborto, mas também à eutanásia, a reprodução assistida, a pesquisa com embriões humanos e com células-tronco", afirma o jornal.
O projeto do Ministério da Saúde, descrito pelo Clarín como "uma iniciativa oficial de modificar a legislação atual e legalizar de fato o aborto no Brasil", coloca a discussão dentro de uma lógica de saúde pública, já que, no entender do Ministério, a ilegalidade do aborto leva muitas mulheres a se submeter a clínicas clandestinas.
A Igreja quer discutir o tema sob um ponto de vista ético, diz a reportagem, acrescentando que a confederação dos bispos "está disposta a mobilizar suas forças, de seus fiéis e de outras Igrejas. Inclusive, já está encaminhada uma frente ecumênica antiaborto, em que entram seitas espíritas, evangélicos e os chamados movimentos espiritualistas".
O artigo conta que o governo já elaborou uma campanha para contrabalançar o poder de fogo dos bispos, encabeçada pelo teólogo e militante do Partido dos Trabalhadores (PT) Gilberto Carvalho, para quem o aborto é "um tema da sociedade".
"Mas os bispos brasileiros não querem nenhuma discussão pública. Já avisaram que vão difundir o ponto de vista da Igreja por todos os meios possíveis, que incluem até manifestação nas ruas", escreve o Clarín.
Segundo o diário, o secretário-geral da CNBB, Dimas Lara, quer inclusive lutar para 'revogar o aborto' nos casos já permitidos por lei.
Fonte: O Globo
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