Foto de arquivo de Kaká exibindo o troféu de Melhor Jogador do Mundo de 2007 entregue pela Fifa, em dezembro do ano passado. Foto: Christian Hartmann
Foto: Reuters: Foto de arquivo de Kaká exibindo o troféu de Melhor Jogador do Mundo de 2007...

A fé do melhor jogador do mundo o levou a oferecer seu principal troféu a uma igreja. Exposta ao entra e sai de fiéis, a taça dourada entregue pela Fifa a Kaká também pode ser admirada por fãs, mas o ato de devoção resultou em críticas ao meia.

"Ao meu Deus entrego com alegria porque Ele é o motivo de cada conquista" é a frase escrita por Kaká na taça de Melhor Jogador do Mundo de 2007. O troféu, protegido por um vidro blindado, está exposto logo na entrada da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, na região central de São Paulo.

Desde o início deste mês, o público pode ver de perto, junto a pôsters e um vídeo sobre o jogador de 25 anos, o troféu entregue pela Fifa ao meia do Milan, em dezembro.

"A curiosidade é grande. As pessoas entram, alguns tiram fotos. A gente vê a admiração deles. A entrada fica livre, a gente deixa o povo matar a vontade", disse à Reuters uma pastora da igreja, que não quis se identificar.

Com máquina fotográfica, Marcelo Lima, 49, representante comercial, estava radiante. "Isso é lindo, é sensacional. Não sou da igreja (Renascer), mas essa homenagem é justa", afirmou.

Kaká é o representante mais conhecido da Igreja Renascer, cujos fundadores, o apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sonia, foram condenados nos Estados Unidos por entrar no país com cerca de 56 mil dólares não declarados no ano passado.

"O que chocou a opinião pública não foi o fato em si (...) é que a doação do Kaká aconteceu num momento em que a Igreja Renascer está no olho do furacão", disse o secretário-adjunto do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), padre Gabriele Cipriani.

Há ainda quem defenda a neutralidade do futebol. "Sou contra porque o futebol tem que ser algo independente de política, de religião, de raça. Ele deve unir povos. Mas, ao mesmo tempo, precisamos partir da premissa de que ele está no direito dele, ele é o dono da taça", declarou o advogado Gustavo D'Acol Cardoso, 34, que torce pelo São Paulo, time que revelou Kaká.

"I BELONG TO JESUS"

Segundo relatos de testemunhas, Kaká frequenta a Igreja Renascer desde criança e estuda para ser pastor. No "Culto da Virada", durante a passagem do ano, ele anunciou a doação do troféu.

"Essa é a conquista de um povo apostólico e o troféu vai ficar aqui, na Casa do Senhor", declarou Kaká diante de uma igreja lotada, com cerca de 5 mil fiéis.

Kaká estava acompanhado de sua mulher, Caroline Celico, que também se dirigiu ao público. "Estou grávida do nenê que saiu da palavra profética do apóstolo Estevam", disse ela no culto, cujo DVD foi mostrado à Reuters por funcionários da Renascer.

Além de doar o troféu, Kaká faz outras demonstrações públicas de fé, como comemorar títulos vestindo uma camiseta com a frase "I Belong to Jesus" (eu pertenço a Jesus).

"Há uma manifestação bastante ostensiva (nos campos de futebol) que a gente não via nos últimos anos. O mundo moderno é um mundo em que a religião, para aparecer, tem que fazer quase que uma espécie de marketing", disse o padre Gabriele.

Procurado para falar sobre seu envolvimento com a igreja, Kaká afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto.

O pastor Walter da Silva Filho, presidente do Conselho Federal de Teólogos, defende os atos de Kaká. "Eu vejo como uma questão de fé. Penso que o fato (doação) fortalece a fé daqueles que participam daquela denominação. Acho interessante ter personalidades que processam a fé. Isso é positivo para a sociedade, porque você precisa de referência."

Fonte: Notícias Yahoo

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Eginoaldo

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