O governo da Espanha protestou junto ao Vaticano contra um apelo da Conferência Episcopal espanhola para que os eleitores do país não votem em candidatos do Partido Socialista na eleição parlamentar de março. Segundo o ministro das Relações Exteriores Miguel Angel Moratinos, o embaixador espanhol junto ao Vaticano Francisco Vázquez, reuniu-se no sábado com altos funcionários da Santa Sé para expressar o "sentimento de perplexidade e surpresa" do governo diante da atitude dos bispos.

Na quinta-feira, a Conferência Episcopal espanhola havia divulgado um documento no qual afirma que os eleitores espanhóis não devem votar em partidos que respaldem o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o divórcio. A nota dos bispos também critica o fato de o governo do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, do Partido Socialista, ter tentado (em vão) fazer um acordo de paz com a organização separatista basca ETA. "Uma sociedade que queira ser livre e justa não pode reconhecer, explícita ou implicitamente, uma organização terrorista como representante política de qualquer setor da população, nem pode tê-la como interlocutor político", acrescenta o documento.

Para o ministro Moratinos, a hierarquia da Igreja Católica na Espanha é "integrista, fundamentalista e neoconservadora" e "nem sequer é capaz de representar o sentimento da maioria dos católicos espanhóis". Ele acrescentou que "como católico, e não só como socialista, não tenho como me identificar com alguém que usa politicamente o terrorismo para dividir os espanhóis democratas".

A Igreja Católica foi aliada dos fascistas anti-republicanos na Guerra Civil de 1936 a 1939 e foi um dos pilares de sustentação da ditadura do general Francisco Franco, que perdurou até 1975.

Fonte: Última Hora
Share To:

Eginoaldo

Post A Comment: