Os deputados turcos aprovaram no último fim de semana uma emenda constitucional que permite o uso do véu islâmico por alunas de universidades públicas no País. A mudança foi defendida por mais de 70% do parlamento e abriu uma polêmica na Turquia.

Antes mesmo da aprovação, 30 mil turcos fizeram manifestação na frente do mausoléu de Mustafá Kemal Ataturk, um líder militar dos anos 20 e 30 que fundou a República Turca e sempre defendeu a separação entre religião e Estado. “A Turquia é laica, e assim continuará”, gritavam os manifestantes.

A polêmica se torna maior ainda ao recordar decisões recentes de países europeus, como França e Grã-Bretanha, que proibiram o uso do véu em escolas. O argumento usado foi de que a religião é algo privado e sua manifestação pública inibe e constrange. Ou seja, é preciso ser tolerante com o próximo e não expor símbolos religiosos.

Na Turquia, a justificativa também foi a tolerância. O país de maioria muçulmana que negocia sua entrada na União Européia aprovou o texto que dizia que “ninguém pode ser privado de seu direito à educação superior”. Ou seja, é preciso ser tolerante e permitir que cada um manifeste a religião em que acredita.

Difícil se posicionar numa questão assim, já que defendo a educação como um direito de todos e acredito no Estado laico. Recorri ao nosso repórter especial Lourival Sant’Anna, um especialista no mundo muçulmano, que generosamente me deu uma aula de história turca. Ele também não tomou partido algum, mas contou coisas interessantes como o fato de jovens mulheres do país, que sofriam ao se sentirem desnudas sem o véu, estarem freqüentando as universidades usando perucas. A exposição do cabelo é considerada extremamente sensual e, portanto, privada para os muçulmanos.

Fonte: Blog do Estadão

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Eginoaldo

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