A direção da Polícia Federal alertou, nesta sexta-feira à noite, toda as superintendências regionais para o risco de eclosão de conflito na Reserva Raposa Serra do Sol neste final de semana.


Durante o dia, em solenidade no Palácio do Planalto, em resposta às críticas do comandante Militar da Amazônia, Augusto Heleno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou a líderes indígenas que se empenhará pela manutenção do decreto que assinou em 2005 definindo a reserva de 1,7 milhão de hectares contínuos e não em ilhas como ameaça o Supremo Tribunal Federal (STF).

O clima de tensão voltou à reserva, em Roraima, depois que o principal líder dos arrozeiros, o prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, e o deputado Márcio Junqueira (DEM-RR) estiveram na sede da Polícia Federal em Boa Vista para pedir segurança e denunciar um suposto plano dos índios ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) ¿ entidade empenhada na defesa da homologação da reserva em área contínua ¿ de fazer à força a retirada dos fazendeiros e da população não-índia da reserva dentro de 48 horas.

"Não sabemos qual o nível de credibilidade da denúncia, mas as superintendências estão de sobreaviso", disse o delegado Fernando Segóvia, que coordena a Operação Upatakon III, suspensa na semana passada por liminar do ministro Ayres Britto, do STF, concedida numa ação cautelar impetrada pelo governo de Roraima pedindo a revisão do decreto que determina a demarcação em área contínua. O delegado admitiu que caso as ameaças se confirmem, há risco de violência generalizada na reserva. Entre agentes federais e da Força Nacional de Segurança, a Polícia Federal conseguiria mobilizar imediatamente cerca de 350 homens para tentar garantir a segurança da região, o que seria insuficiente para controlar o contingente de guerreiros ligados ao CIR. Segundo cálculos da Funai e da Polícia Federal, esse grupo ¿ braço do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Igreja Católica ¿ representa cerca de 90% dos 18 mil índios distribuídos na reserva e nos últimos dias vem também vem denunciando supostas ações de violência dos arrozeiros.

No início da noite de ontem, a Polícia Federal estava atrás de uma carta apócrifa atribuída ao CIR e distribuída durante uma manifestação que terminou em tumulto na Vila Surumu, no município de Pacaraima, no meio da tarde, envolvendo índios contra e a favor da demarcação. Policiais e agentes da Força Nacional conseguiram controlar o confronto e as agressões. O grupo ligado ao CIR anunciou para hoje, Dia do Índio, manifestações com mais de mil integrantes em Surumu e na sede do município de Uiramutã, na fronteira com a Guiana Inglesa, onde está instalado o 6º Batalhão Especial de Fronteira do Exército. A polícia teme que as comemorações possam desembocar em ações de violência.

"O que nós sentimos aqui é que o presidente não vai abrir mão da demarcação", disse o líder macuxi Jaci José de Souza durante a solenidade no Palácio do Planalto. "Nós também defendemos a faixa de fronteira. Não é o que general disse", afirmou o vice-presidente da Coordenação das Organizações Indígenas Brasileiras, Marco Aporinan, ao contestar as declarações do general Augusto Heleno. Lula disse que vai se empenhar pessoalmente para sustentar junto ao STF o decreto.


Fonte: Terra
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Eginoaldo

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