Menina de 7 anos, do Tocantins, tem problemas para andar, falar e ouvir.
Em São Paulo, vendedor cuida sozinho há 13 anos do filho doente.
Jucimar da Silva Parente ao lado da filha Tâmara Vitória (Foto: Arquivo Pessoal)
Pai de dois filhos do primeiro casamento, o vigilante Jucimar da Silva Parente, 43 anos, ganhou há pouco mais de sete um presente especial. Tâmara Vitória nasceu em Palmas, mas depois de sérias complicações na hora do parto teve paralisia cerebral e hoje não consegue andar nem falar e tem apenas parte da visão e da audição.
Silvio dos Santos Moreno, 43 anos, cuida sozinho do filho de 16 anos desde que o garoto tinha 3. Na época, sua esposa decidiu que não queria a criança, que tem esclerose tuberosa. Para conciliar a rotina do trabalho com as necessidade de Silvio Júnior, o pai, vendedor, conta com a ajuda de uma babá e de muita disposição.
“No começo foi complicado, mas com o tempo, e por amor que eu tenho ao meu filho, eu dei um jeito de conciliar o trabalho, meu compromissos e o cuidado sempre atento a ele. Hoje eu não consigo me ver sem o meu filho”, diz ao G1.
Parente era solteiro e já tinha se separado da então namorada quando soube da gravidez de Tâmara. A paternidade, no entanto, não chegou a ser questionada. “Ela é a minha cara”, diz. Onze meses depois do seu nascimento, após uma discussão com a mãe de Tâmara, ela decidiu ir para a Espanha e deixar a criança com ele.
“Eu estava na igreja, participando do culto e por isso estava de costas para a porta do templo. Já era quase 21h e o porteiro da igreja veio me chamar porque uma mulher tinha deixado uma criança na porta da igreja. Ela estava junto com um bilhete ‘cuide bem da Tâmara’.”
Segundo Leila Tardivo, professora associada do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, talvez pelo fato de os homens terem, em geral, uma formação mais rígida, é mais comum encontrar mulheres que se propõem a cuidar dos filhos com alguma deficiência, muitas vezes sem nenhuma ajuda do pai. "É importante citar, no entanto, que essa postura da mulher não é biológica. Um pai pode assumir essas funções sozinho e muito bem", diz.
A especialista considera que possa haver uma mudança no comportamento dos pais com relação a filhos especiais. "Que bom que esses pais são exemplos de dedicação, porque é ótimo para o desenvolvimento da criança ter o pai e a mãe por perto, mas se isso não é possível, é importante para o filho poder contar com o pai para estimulá-lo e amá-lo acima de tudo", afirma.
Apesar de contar com a ajuda de membros da igreja da qual faz parte, Parente teve que reduzir a carga de trabalho de vigilante de 24 horas para 12 horas semanais para cuidar da filha. “Não tinha mais condições de pagar alguém para ficar com ela e percebi que com os meus cuidados ela melhorava, não tinha mais febre nem crises de bronquite ou convulsões”, diz Parente.
Hoje, ele e a filha moram com a mãe, avó da criança, na cidade de Porto Nacional. “Deus me ensinou a amar muito minha filha e todos os dias aprendo muito. Percebi que só o carinho, o amor, a intimidade com o seu filho são capazes de mudar e melhoras as coisas”.
E neste Dia dos Pais, nada poderia ser mais especial para Moreno e Junior do que repetir a rotina de todos os domingos. “Domingo é um dia para ele. É quando ficamos juntos, saímos para almoçar, vamos ao shopping para que ele passeie e brinque e, como em todas as semanas, tomamos nosso café da manhã em uma padaria, cada domingo uma diferente.”
Parente espera para este ano um presente importante: a saúde. “Eu escolhi o nome Tâmara porque significa aquela resiste a tempestades e vendavais, e Vitória porque ela é uma vitória em nossa vida. Eu só peço que Deus me dê saúde para poder acompanhá-la de perto todos os dias, porque ela depende mesmo de mim.”
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