NOVA YORK - Deu Obamania. Foi o milagre Huckabee. Os resultados da largada da maratona presidencial americana em Iowa, na quinta-feira, são simplesmente espetaculares. Podem ser definidos como históricos. No lado democrata, Barack Obama comprovou que é para valer. O jargão é correto. Obama é o agente da mudança, capaz de inspirar as massas e encarnar espontaneidade.
Barack é o futuro, tem o espírito de John Kennedy e fôlego político para seguir adiante na corrida extenuante. Ele cativa os jovens, quem nunca votou e até as mulheres, que supostamente cerrariam fileiras com muito mais ardor com a companheira Hillary Clinton.
Assim como Barack Obama, o republicano Mike Huckabee é um agente da mudança, uma voz contra o status quo, misturando uma mensagem de fervor religioso com populismo econômico. O establishment republicano ficou desolado com a vitória do ex-governador do pequeno estado de Arkansas (o mesmo de Bill Clinton). Huckabee enfrentou a campanha empacotada de Mitt Romney sem recursos, mas com uma riqueza de espontaneidade e gafes. Foi perdoado por comentários simplórios, mas ganhou pontos por se distanciar da ala republicano associada a Wall Street e à desastrosa arrogância em política externa da Casa Branca de George W. Bush.
Não se trata de partidarismo, mas a vitória de Barack Obama entre os democratas é mais retumbante do que a de Huckabee nas hostes republicanas. É inacreditável, mas um candidato negro (que certa vez se definiu como um magrela de nome engraçado) venceu em Iowa, um estado em que 93% dos habitantes são brancos. É um comovente triunfo pessoal. Barack Obama está de parabéns, Iowa está de parabéns. Um país com tantas feridas raciais avançou na cicatrização. O resultado mostra o amadurecimento americano e o potencial político de Barack Obama, que é negro, mas não apela para a cartada racial.
Huckabee é o candidato que veio do nada, mas em última instância, em Iowa, estava em casa. É um pastor batista que veste assumidamente o manto religioso na campanha. Estava pregando para seus fiéis na medida em que 60% dos eleitores republicanos em Iowa se definem como cristãos evangélicos. É uma outra história se ele poderá carregar levemente esta bagagem no resto da maratona das primárias.
Em geral, derrotas são, well, derrotas. Para Hillary Clinton se dissipou a aura de inevitabilidade. Ela não terminou em segundo, mas em terceiro. Sua propalada eficiente máquina eleitoral emperrou. A cascata da experiência não colou. Hillary é uma candidata sem mensagem, sem alma. Mas nada de subestimar Hillary e o marido Bill. Estão acostumados aos dissabores políticos e no passado mostraram uma incrível capacidade de recuperação. Já o segundo lugar de John Edwards não é um consolo. Ele não tem muito futuro nesta corrida.
O segundo lugar de Romney entre os republicanos é melancólico, mas ainda não é o fim do mundo. Em contrapartida, a quarta posição obtida por John McCain é uma vitória. O velho soldado tem fibra e convicções (está de parabéns por não tratar imigrantes ilegais como bandidos a serem escorraçados. McCcain segue em combate e pode deslanchar.
Os eleitores de Iowa, um estado de gente sensata e cuidadosa, sinalizaram que os americanos querem mudanças. Barack Obama e Mike Huckabee são os agentes iniciais. Um deles, talvez, troque as fechaduras da Casa Branca.
fonte: Último Segundo
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