Letícia Lins - O Globo e Jornal Hoje

RECIFE - Polêmica em Recife. A prefeitura da capital resiste à pressão da Igreja Católica e informa que vai manter a iniciativa de disponiblizar a pílula do dia seguinte para mulheres que tenham mantido relações sexuais durante o carnaval sem camisinha ou que tenham sofrido estupro.

Duas prefeituras de Pernambuco vão distribuir o medicamento, mas a Pastoral de Saúde da Arquidiocese de Olinda e Recife considera a medida promíscua, quer vetá-la e promete ir até à justiça se as autoridades não desistirem da iniciativa. A Pastoral tem reunião programada para a tarde desta quarta-feira para voltar a discutir o assunto.

Os kits serão distribuídos em postos de saúde instalados em locais de grande movimentação no Recife e em Paulista, região metropolitana. Cada estojo contém dois contraceptivos de emergência, além de uma camisinha masculina e uma feminina.

Segundo a prefeitura de Recife, a pílula não será distribuída aleatoriamente, mas sim para aquelas pessoas que precisarem. No ano passado a medida foi colocada em prática. As prefeituras das duas cidades argumentam que as pílulas podem prevenir a gravidez indesejada, principalmente entre os jovens.

- Para garantir os direitos sexuais das mulheres, a gente tem que garantir o acesso o mais rápido possível ao anticoncepcional, mas antes de tomar a pessoa tem que passar por uma consulta para o medicamento ser prescrito pelo médico - afirmou a gerente da Prefeitura do Recife, Benita Spinelli.

Para a Arquidiocese de Olinda e Recife, os comprimidos estimulam a prática do sexo e até mesmo do aborto.

- É uma decisão criminosa porque fere todos os princípios de defesa da vida e da sua concepção. A gente entende que a vida tem início a partir da fecundação. A prefeitura tem que orientar a população a não tomar esse caminho de cultura da morte - disse Vandson Holanda, da Pastoral da Saúde.

Alheio a polêmica, mas de olho na prevenção, o ministério da Saúde deve enviar aos estados e ao Distrito Federal, na próxima semana, quase 20 milhões de camisinhas para o carnaval. Em Salvador, como acontece há 11 anos, o Bloco da Camisinha pretende distribuir 50 mil preservativos entre os foliões.

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Eginoaldo

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