PARIS (Reuters) - As referências cada vez mais frequentes e positivas do presidente da França, Nicolas Sarkozy, a Deus e à fé religiosa geraram críticas entre pessoas que o acusam de violar a separação existente no país entre a Igreja e o Estado.
Sarkozy, um homem afeito a quebrar tabus e cuja vida amorosa ocupa espaço nos meios de comunicação há semanas, rompeu com a tradicional postura reservada dos presidentes franceses a respeito das religiões a fim de sublinhar as raízes cristãs da França em um discurso proferido em uma basílica de Roma, pouco antes do Natal.
Em Riad, na segunda-feira, o dirigente elogiou o islã, chamando-o de "uma das maiores e mais belas civilizações que o mundo já conheceu", e descreveu os anfitriões sauditas como líderes que "apelam para os valores básicos do islã para enfrentar o fundamentalismo que os nega".
Os elogios de Sarkozy a respeito de um reinado que impõe e dissemina uma versão rigorosa do islã, durante uma visita cujo objetivo era garantir a assinatura de lucrativos contratos de exportação, foram a gota d'água para os adversários dele.
"Aqui não houve respeito pela separação entre a Igreja e o Estado", afirmou o líder dos socialistas, François Hollande, da oposição.
"Essa é uma postura ideológica que faz da religião um instrumento capaz de promover produtos franceses (tais como) as usinas nucleares nos países islâmicos", disse. "Misturar religião e política externa é algo ilógico e errado."
Jean-Louis Debré, um político gaullista que hoje comanda o Conselho Constitucional, criticou Sarkozy indiretamente ao afirmar ser boa uma lei de 1905 sobre a separação entre o Estado e a Igreja e que é "oportuno garantir que seu equilíbrio não seja prejudicado".
O debate pegou fogo dentro da Assembléia Nacional, na quarta-feira, quando o socialista Jean Glavany atacou o discurso feito por Sarkozy em Riad: "Um discurso que cita Deus não apenas em todas as suas páginas, mas em todas as suas frases, cria um problema fundamental para a República".
A ministra do Interior, Michèle Alliot-Marie, respondeu afirmando que o governo deseja "ajudar todas as espiritualidades a expressarem-se, incluindo aquelas baseadas no ateísmo".
Fonte: Reuters
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