Foragido, Tico procurou igreja. Arrependido, ele diz que não matou, só roubou o italiano.
Delegado ainda não sabe se vai indiciá-lo por latrocínio ou só por roubo.

O pastor Isaías da Silva Andrade, que negociou a apresentação do assaltante do turista italiano em Ipanema à polícia, disse que Rodrigo Carvalho Cruz, o "Tico", de 20 anos, estava "possuído pelo demônio", quando roubou o cordão de ouro do pai do italiano Giorgio Morassi. No roubo, Giorgio acabou sendo empurrado para a Avenida Vieira Souto, em Ipanema, e foi atropelado por um ônibus.

"Ele estava possuído. Legiões de demônio que fazem o homem roubar", justificou o pastor da Igreja Assembléia de Deus.

Rodrigo Carvalho Cruz disse que apenas roubou o cordão de ouro do turista, mas não matou Giorgio Morassi, o filho do italiano assaltado. Ele disse que acabou largando o cordão, objeto do roubo, perto do local da confusão.

"Eu ia ficar com o cordão para mim. Não sou culpado (pela morte), só roubei. Não matei ninguém", disse o assaltante.

Assaltante foi à igreja, diz pastor

Segundo o pastor, o assaltante procurou a sua igreja na quinta-feira (22). Lá, se alimentou, e recebeu orientações religiosas. A Divisão de Capturas da Polícia Civil (Polinter) já tinha informações de que ele estaria escondido nas proximidades da igreja, que fica perto da favela da Fazendinha, no Conjunto de Favelas do Alemão, subúrbio do Rio.

Agentes da Polinter disseram que chegaram a vasculhar a igreja na sexta-feira (23), mas não o encontraram. O pastor negociou com a delegada-adjunta da Polinter, Márcia Beck, para apresentar "Tico" no inicio da manhã desta segunda-feira (26).

O delegado Fernando Veloso, da Delegacia de Atendimento ao Turista (a Deat), que é o responsável pelo caso, esclareceu que "Tico" foi reconhecido por parentes de Giorgio. Disse ainda que vai decidir se o suspeito vai responder por latrocínio (roubo seguido de morte) ou só roubo. "A questão da morte tem que analisar o nexo causal entre a ação dele e o resultado (a morte do turista). É uma questão jurídica", disse o delegado.

A prisão temporária de "Tico" vale por cinco dias. Ao fim do prazo, a polícia pode decidir se pede a extensão do prazo ou a decretação da prisão preventiva para que fique detido até o julgamento.

Pastor deve ser indiciado, diz delegado

Veloso afirmou ainda que deve indiciar o pastor Isaías da Silva Andrade por facilitação de fuga. Segundo o delegado, o pastor teria ajudado a esconder Rodrigo Carvalho. Em depoimento, Isaías teria dito que foi duas vezes à Polinter, mas não encontrou ninguém. Para a polícia, a afirmação do religioso não justifica a demora da prisão do assaltante.

Se condenado, Isaías da Silva pode pegar até seis meses de prisão, por se tartar de um crime de baixo potencial ofensivo.

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Eginoaldo

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