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O acelerador de partículas Large Hadron Collider - EFE

GENEBRA - A primeira etapa de uma das mais ambiciosas experiências da História da física foi concluída, nesta quarta-feira, com sucesso.

A Organização Européia de Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em francês), em Genebra, acionou o mais potente acelerador de partículas já construído, o Large Hadron Collider (LHC), para tentar reproduzir o Big Bang. O objetivo do projeto, que envolve cientistas de 180 instituições de pesquisa de 50 países - entre eles o Brasil -, é encontrar a origem das massas das partículas e decifrar a origem do Universo. Os resultados do experimento só devem sair no próximo ano.

Beto Largman: A primeira imagem dos 'viajantes' do LHC

O LHC está localizado a cem metros sob a superfície, na fronteira da Suíça com a França. As dezenas de pesquisadores que acompanharam o início da experiência comemoraram o resultado positivo da primeira tentativa de colocar em circulação feixes de milhões de prótons no acelerador. Eles conseguiram que as partículas dessem uma volta completa no enorme túnel circular. E o mundo não acabou, como temiam alguns críticos. (O acelerador e o laboratório)

Dois feixes de prótons estão circulando num anel de 27 quilômetros em velocidade cada vez maior. Nas próximas semanas, devem chegar perto da velocidade da luz. Em quatro detectores gigantes, os cientistas podem mudar a rota para provocar um choque das partículas e recriar o Big Bang, a explosão que teria dado origem ao universo.

Os primeiros choques de prótons - uma das partículas que formam o átomo - só devem acontecer em alguns meses. Usando poderosos imãs, os cientistas farão os prótons se chocarem à velocidade da luz. Na fração de segundo que se segue à explosão, os prótons dever ser divididos em partículas muito menores. Algumas nunca foram vistas, embora sejam a base teórica da física de partículas.

Entre elas, está o Bóson de Higgs, também chamado de "A partícula de Deus", que seria a responsável pela criação da matéria. A comprovação de sua existência ajudaria a explicar por que as massas são tão diversas.

- O principal objetivo é encontrar o Higgs - diz o brasileiro Alberto Santoro, coordenador do grupo da Uerj que participa da experiência.

Cientistas acompanham o teste - Reuters

Os cientistas procuram também a existência de outras dimensões de espaço e tempo e a explicação para a matéria negra, uma força que compõe grande parte do universo e sobre a qual sabe-se pouco. Nos últimos dias, grupos tentaram impedir na Justiça que o LHC fosse ativado. Eles temem a formação de um buraco negro, uma força gravitacional tão forte que engoliria o universo. Mas os cientistas do Cern provaram que isso acontece no universo naturalmente com muita freqüência e sem destruir o universo.

"Esses processos que a gente vai criar aqui em laboratório de forma controlada ocorrem o tempo todo, em escalas de energia muito maiores do que a gente consegue realizar aqui no laboratório e com uma freqüência muito maior também na natureza. Certamente o universo está aí há bilhões de anos e não foi destruído até hoje", disse a TV Globo o físico André Sznajder, da Uerj e da Cern.

Pode levar meses até que os dados sejam analisados e os resultados desse experimento sejam conhecidos. O projeto é ambicioso. A construção do acelerador começou em 1996, custou 3,76 bilhões de euros e envolveu dez mil cientistas e engenheiros de 580 universidades, incluindo brasileiros (com apoio do CNPq/MCT). Segundo Robert Aymar, diretor da CERN, o LHC proporcionará "descobertas que mudarão nossa visão do mundo, em particular sobre a sua criação":

- Há partículas muito mais pesadas do que as que conhecemos. É o que chamamos de matéria negra. Com o LHC vamos identificar e compreender esta matéria.

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Eginoaldo

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